segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Dia do Grande Poeta

Hoje, 31 de outubro, data do aniversário do poeta Carlos Drummond de Andrade. Tornou-se o dia D, em que seus versos ganham vida na voz popular. Ele nasceu em 1902 e passa figurar no calendário nacional. Para o Instituto Moreira Sales não existe nenhuma pedra no caminho. A programação, diversificada, se espalha por todas as capitais do país e está envolvendo o maior número de admiradores do poeta. Um dos destaques será a exibição do filme "Consideração do Poema", produzido pelo IMS, justamente para a data, no qual nomes importantes da cultura brasileira leem poemas de Drummond, entre eles Chico Buarque, Caetano Veloso, Milton Hatoum, Fernanda Torres, Marília Pêra, Adriana Calcanhotto e Caca Diegues. Este evento acontece na cidade de São Paulo.

domingo, 23 de outubro de 2011

Partido Comunista do Bolso

É triste ver o que está acontecendo com o PC do B. Está envolvido em escândalos e tem a coragem de negar tudo. Não se faz mais comunista como antigamente. Como militante histórico, estou decepcionado. Marx está tremendo na sepultura.

O PC do B têm eleitores urbanos, estudantes votam no partido e intelectuais de todo o país também são fiéis. Em Porto Alegre a deputado federal Manuela Dávila é favorita nas eleições de 2012.

O ministro dos Esportes, Orlando Silva, indicado por Lula, como sempre, nega tudo. Acontece que as evidências estão ai no relento do sol. Para oposição a presidente Dilma já têm provas para demitir o ministro. Está na hora da faxina atingir os comunistas do PC do B.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Que os Bons Momentos Sejam Eternos

É preciso eternizar o momento
Para que nas noites frias e solitárias
Possamos nos lembrar da alegria
Quando a dor nos atingir
Massacrar o coração
Devemos buscar nos bons momentos
Do passado o remédio para a cura

Quando a escuridão tomar conta
Devemos imaginar que estamos sendo
Guiados pela luz da alegria dos dias felizes
É preciso deixar para trás os piores momentos
Trazer para o presente
A satisfação de que um dia fomos felizes

Se recebermos um não
De alguém que fez parte de nossa vida
Não importa
Um dia
Lá atrás
Esse alguém disse sim
Para a alegria do nosso coração

Só o tempo é eterno
A vida tem um tempo
Vamos então aproveitar o tempo que nos resta nesse
Imenso mundo criado pelo Arquiteto do Universo

Não podemos deixar que a sombra da tristeza se estabeleça
Vamos olhar o colorido das flores
Sentir o perfume da rosa
Apreciar a beleza da orquídea
Que todo o ano renasce
Para fazer do mundo um imenso jardim

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Gaddafi Foi Morto

É o fim de uma era de escuridão na Libia. O ditador Gaddafi foi morto pela revolução. O fim de ditador marca o desaparecimento de um tempo de despotismo e repressão que se estendeu por muito tempo. Hoje, o povo libio está feliz. A primavera chegou de uma vez por todas e a liberdade está nascendo na Libia.

Os escritores e democratas que foram mortos durante o regime de Gaddafi serão lembrados para sempre.

O Conselho Nacional de Transição, órgão político e militar dos rebeldes, afirmou que a Libia pode nesta quinta-feira virar uma página em sua história e empreender um novo futuro democrático.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Reencontro das Sombras da Noite

Os meus fantasmas, que na calada da noite aparecem para conversar comigo, querem matar a saudade de um tempo de uma situação, ou, quem sabe, de um futuro que não veio. Enquanto a noite é intensa, as bitucas queimam, as imagens deles surgem com toda força, deixando os meus olhos embaçados. Estou aqui bebendo e com muita vontade de ficar até o fim da noite. Com esse clima e com essa visão de uma boemia sem fim, olho para as estrelas à procura de um sinal, mas nada aparece, somente a certeza de que ainda viverei muito para prestar contas de tudo. Sou filho da angústia e parente da incredulidade.
Para cada fantasma, uma história desfila serenamente. É o reencontro das sombras, que passam por mim com olhares assustadores. Olho para eles como se estivesse olhando pelo retrovisor do meu carro, na medida em que o tempo vai passando, a distância vai aumentando. Mas não me importo, eu também sou um fantasma. Eu também sou um louco em busca do nada. Não posso escolher com quem conversar, porque não existe prioridade, todos têm uma razão, e todos querem reafirmar algum desejo não realizado. Estão cobrando um tempo, uma dívida que a existência teima em não esconder. Conheço todos os fantasmas, e com eles vivi uma bela época, uma contagiante emoção que cravou fundo no meu coração, mas deixou trilhas e descaminhos difíceis de serem apagados. Nem todos são amigos e amantes de um tempo. Alguns fantasmas são, para mim, como hienas, ficam à espreita, escondem-se atrás de arbustos, esperando o momento adequado para atacar e destruir o meu caminho.
Hoje quero dedicar o meu momento de boêmio e poeta a Você, que por razões desconhecidas teimou em permanecer ao meu lado um longo período. Não foi uma hiena, mas sim uma sugadora amorosa. Atravessou pântanos e tempestades noturnas, grudada nos meus passos. Chorou nos meus braços, e soluçou meigamente de desejos nas escuras madrugadas. É difícil dizer o porquê de tudo, somente os andantes da noite conhecem as nossas vidas, porque somos como vagalumes, nos alimentamos da escuridão, do prazer e do álcool.
Não foram poucos os momentos que discutimos e brigamos. Aliás, perdemos a conta. Você negou o meu amor por duas vezes, e por duas vezes neguei o teu amor. Convidei você para morar comigo duas vezes e duas vezes você não quis. Isso foi a prova de tudo, principalmente, de que queria somente sexo e belas noitadas. No fundo, eu fui e você foi a válvula de escape de nossas frustrações amorosas. Vivemos como duas andorinhas, voando de canto a canto, voltando para casa muitas vezes com as asas quebradas, mas felizes.
Enquanto o meu pensamento se transportava e navegava pelos mares revoltos da existência amorosa, o vento sul assobiava violentamente, demonstrando insatisfação com alguma coisa que se aproximava de mim. Toda vez que algo está para acontecer, o vento sul surge para avisar. Sou amigo dos mistérios do mundo e da noite. Cativo e sou cativado pelas sombras da vida. E naquele momento senti uma profunda saudade de algo que não sabia explicar.
Nesse meio tempo, chamei o garçom e pedi mais uma bebida. Olhei para o lado e vi uma linda morena sentada, que me observava atentamente. Trocamos alguns olhares, e aos poucos, senti necessidade de convidá-la para sentar-se a minha mesa. Antes, porém, pedi ao garçom informação sobre a referida mulher.
- Quem é essa mulher, que nunca vi?
- É a Rose. Não é sempre que aparece. Está à procura de um grande amor. – respondeu Gelson, o garçom de longa data.
- Todos nós estamos à procura de um grande amor. – acrescentei.
- Diga a ela que talvez eu não seja quem está procurando, mas que posso lhe dar alguns momentos de alegria e, quem sabe, até prazer.
- Poeta, meu amigo poeta, ela é especial e você não vai se arrepender de conhecê-la.
Conversamos muito, aliás, ouvi mais do que falei. Ela falou da sua vida, mostrando as feridas que ainda não cicatrizaram.
Rose, mesmo aos seus 34 anos, parecia que já tinha vivido meio século de vida, não pelo físico, e sim pela experiência. Viúva, mãe de dois filhos, ela era uma linda mulher, com um corpo que poderia colocar qualquer menina de 18 anos fora de disputa. Durante a nossa conversa bebeu quatro cervejas, mas parecia que o álcool não afetava o seu comportamento. A música que tocava nos convidou para uma dança, e a dança que nos emocionou foi a valsa. Dançamos um bom tempo, colados e, colados permanecemos até o fim da música. Ela era uma mulher fogosa e demonstrou desejo em viver emoções mais fortes. Antes de levá-la à mesa, nos beijamos loucamente. Foi o início de tudo, que somente o tempo soube tão bem mostrar.
- Você dança bem, querida! É uma excelente dançarina. – disse.
- Adoro dançar e ficar nos braços de um homem como você, a gente, se não sabe dançar, acaba aprendendo.
- A dança é uma terapia ou um consolo para os solitários da noite. – acrescentei.
- Conversamos muito, e até agora você não me disse qual é o seu nome, e o que faz na vida. – lembrou.
- Meu nome é Lucio, e sou poeta. A única coisa que sei fazer na vida é escrever.
- Você acha pouco? – perguntou.
- Para mim é pouco. Gostaria de fazer mais, ser mais útil. – revelei.
- A tua arte já é útil para o mundo. O mundo precisa dos poetas. – assinalou.
Já estávamos tomados pelo álcool, e a madrugada nos convidava para algo mais intenso, e adormecer com ela. O garçom, sentindo o clima entre nós, colocou mais uma valsa para tocar. Lentamente, fomos para o centro do salão, que àquelas alturas estava vazio. Senti o seu corpo tremer de desejo. A sua boca queria mais, talvez uma noite de prazer. As coxas, grossas, no passar dos passos da dança, sutilmente se abriam para mim.
- Não podemos continuar assim e aqui. Precisamos satisfazer os nossos corpos que querem algo mais profundo e intenso. – disse ao seu ouvido.
- Concordo com você, até porque não sou dormente. Já não consigo mudar os passos! A minha vontade é fazer do chão deste salão uma imensa cama! – acrescentou.
- Mas não é possível. Até que poderia ser. Imagina, agora, nesse momento, com esse clima de profundo desejo, fazermos do chão, uma grande cama. – assinalei com imensa vontade de levá-la a minha casa.
Paguei a conta e nos dirigimos para a casa de Rose.
No caminho, enquanto eu dirigia, Rose, com sei jeito gostoso e meigo de uma mulher felina, me acariciava de todas as formas. Por duas vezes encostei o carro numa estrada sem saída e nos acariciamos selvagemente. Só não fomos para os finais porque estávamos merecendo um momento mais trabalhado, e não ligeiro. Mesmo assim, ela tirou a calcinha vermelha e colocou-a no bolso da minha calça.
- Guarde com você. É o troféu e a lembrança do nosso primeiro encontro. Não vou precisar mais dela. Sou totalmente tua e quero ficar nua para que você me faça do jeito que quiser.
Eu já não estava resistindo mais. Como ela morava longe, resolvi entrar no primeiro motel da BR 101, no município de São José. Coloquei o meu carro na garagem e não esperei para entrar no quarto. Como ela estava sem calcinha e usando uma pequena saia, joguei-a em cima do capô do carro e sem lero-lero, penetrei-a com força. Fizemos amor durante um bom tempo na garagem do motel. Como estávamos cansados, resolvemos entrar no quarto. Tomamos um banho e tiramos um bom sono. Pela manhã, agora em cima da cama, fizemos amor mais uma vez.
Fiquei umas três semanas sem aparecer. Na quarta semana, resolvi dar as caras. A minha intenção não era encontrar Rose, mas não foi isso que aconteceu. Ela estava lá a minha espera. Fiz de conta que não a conhecia. Fui para a minha mesa, e não demorou muito, ela se aproximou dizendo:
- Foi tão ruim assim, que você desapareceu e não deixou nenhum recado, ou mesmo o número do seu telefone?
- Ao contrário, querida. Foi tão bom que fiquei assustado. Você é demais. – respondi, meio sem jeito.
- Você é estranho. Quem gosta, quer ficar junto e repetir os encontros. – acrescentou.
A minha relação com Rose durou um longo tempo. Ela era uma mulher encrenqueira de primeira hora. Ciumenta por tudo e por todos, mas na cama, gozava inúmeras vezes. Éramos dois loucos amantes, isso eu nunca reclamei. Sabia amar e ser amada. Na hora do amor, conhecia as minhas fraquezas sexuais. Eu sabia onde pegar no seu corpo. Quando saíamos, ela sempre ia sem calcinha. Era a minha tara, pegar nas suas coxas, no seu bumbum sem nenhum obstáculo. Mulher de primeira!
Agora, depois que tudo acabava, a realidade era outra. Brigávamos por qualquer coisa. De quinze em quinze dias, nós terminávamos. Na quarta semana, como de costume, reatávamos. E assim permanecemos durante oito anos. Ela não tinha vergonha na cara, eu também não. Éramos dois amantes, dois loucos por sexo, dois vagabundos e dois adorados namorados.
O tempo passou, e como tudo passa na vida, a loucura também cansou e teve o seu tempo. Ainda me lembro da última vez que fizemos amor. Foi na casa de Rose. Ela fez tudo o que mais odeio na vida: permaneceu travada o tempo todo, demonstrando preocupação com a filha que dormia com o namorado no quarto ao lado. Coisa que nunca aconteceu durante todo o tempo da nossa relação. Para mim, foi a pior noite da minha vida. Ali, naquele dia, tudo terminou. Resolvi desaparecer da vida de Rose sem dizer nada, de forma serena e definitiva. Saí, lembrando nossas existências, daquelas noites, daqueles momentos após baile, daqueles instantes em que o prazer tomava conta de nossos corpos.
Rose, na verdade, foi mais um doce fantasma na minha existência, que às vezes, perambula pelo meu pensamento e ainda vai perambular por muito tempo. São imagens que aparecem e desaparecem. Ela foi importante no meu caminho, soube me amar e ser amada. Era boêmia e deleitava-se nas noitadas. Há certas coisas na vida que é melhor não esquecer, e essas coisas, foram os tempos de Rose.
- Como vai meu amigo? Quanto tempo! Você continua aqui. Ainda vai morrer sentado nessa mesa. Engraçado que ninguém senta nela, somente você. Jamais imaginei que iria te encontrar.
Era o meu amigo garçom, que tinha ido embora da casa noturna. Ele arrumou outro emprego durante o dia. Abandonou a noite. Estava ali apenas para matar a saudade.
- O meu destino é morrer abraçado com a noite. Sou viciado na boemia. – relembrei.
- Eu sei. No mês passado procurei por você.
- Por quê?
- Você não assistiu ao programa policial?
- Não assisto essas coisas. Não gosto de cenas de violência, mas me conte. - fiquei curioso.
- Lembra-se da Rose? Ela foi encontrada morta no banheiro, com uma faca cravada no peito. Dizem que foi coisa de um antigo namorado, que não se conformou com a separação. Rose sempre foi apaixonada por você, muitas vezes saiu daqui totalmente bêbada, chorando de saudade. Depois de você, ela nunca mais quis ter alguém, simplesmente ficou ou passou alguns momentos, para apenas alimentar o grande amor de sua vida.
Gelson, amigo de longa data, não deixava de ser também um fantasma, que apareceu para dar notícia de uma mulher que alimentou profundamente a minha vida noturna. Depois da notícia, continuei até o fim da noite bebendo e dançando. Sai dali e fui direto para o cemitério levar uma rosa vermelha para Rose, mulher que nunca deixou de habitar o meu coração.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O Velho Professor

As madrugadas não são as mesmas, até porque o tempo também é diferente. Dizem que o mundo está em guerra e que o Brasil irá participar. Estou vivendo o ano de 1940, parece que foi ontem que vi a mudança do século. O meu mundo está em paz, ou melhor, a minha vida caminha com o tempo. Já vivi muito para ficar preocupado com as coisas que independem de mim. Não faz muito tempo que o mundo estava em guerra, era a primeira grande guerra. Agora é a segunda guerra mundial, e, mais uma vez, a Europa briga com os demais países.
O melhor é ficar onde estou, jogando a rede ao mar, pegando a canoa e navegando à procura de peixes. Os meus filhos estão criados e vivem longe, talvez até tenham esquecido o pai, que tanto lutou para criá-los. A minha mulher faleceu há cinco anos e desde então, vivo esperando a morte bater à porta.
Pedro, professor aposentado, 78 anos, homem que apanhou muito do destino, tem inúmeras histórias para relatar, uma mais triste que a outra. Desde que veio de Blumenau para Florianópolis, ainda jovem, trabalhou incansavelmente para sustentar a família. Depois que se aposentou, adquiriu uma propriedade no sul da Ilha, e vive da pescaria. Para manter-se informado, vai uma vez por semana ao centro da cidade, para comprar jornal. Dorme cedo, no mesmo horário das galinhas. Antes, porém, ouve notícias do Brasil e do mundo no radinho de pilha.
A casa onde vive fica no Pântano do Sul. É simples, com apenas dois cômodos. Em volta da mesma, uma horta com as mais variadas hortaliças ajudam na alimentação e embelezam a morada. Nos dias de chuva e frio, senta na frente do fogão a lenha para se esquentar, tentando afugentar o vento sul que castiga sem dó a região. Com dificuldade, ainda consegue ler um livro emprestado na Biblioteca Pública. Ele não perdeu o costume de ler romances russos e franceses, assim, consegue se transportar às terras europeias. Já devia ter trocado os óculos, pois os que usa já perdeu a qualidade. Quando não está lendo, escreve, num velho caderno, as lembranças do passado, com muito cuidado e esmero, pois ainda não perdeu o capricho de professor de português. Assim, vai montando as frases de histórias de uma longa vida.
Foi num desses momentos de magia existencial que ouviu passos se aproximando da casa. Pensou que fosse Margarida, vizinha de longa data. Levantou-se da cadeira, e foi até a porta. Abriu, e, para a sua surpresa, era Juliano, amigo e diretor da Biblioteca Pública.
- Pedro, meu grande amigo, tenho boas notícias para você!
- É mesmo? Então, que bons ventos o tragam!
- Os teus manuscritos foram aceitos pelo editor do Rio de Janeiro. A tua história será publicada no mês que vem.
- Eu não acredito! Depois de cinco anos de espera, vou ver a história do pescador Fernando sendo publicada e lida pelo Brasil inteiro.
- É isso mesmo! – disse o Diretor da Biblioteca Pública.
Os dois amigos conversaram o resto da tarde, trocaram ideias sobre como seria o lançamento do livro. O dia já ia embora quando Juliano rumou em direção ao centro da cidade. Naquela noite, o velho professor não dormiu, até parecia uma criança, de tanta felicidade. Chegou a esquecer da rede que tinha colocado no mar para pegar algumas tainhotas.
No dia seguinte, bem cedo, quando o sol estava nascendo, pegou o barco e foi ver a rede. O mar estava agitado com muitas marolas, dificultando o trabalho. Enquanto observava se a rede tinha peixe, o pensamento viajava longe. A história do pescador Juliano, escrita há muito tempo, que desapareceu em alto mar, ia ser publicada em forma de livro. O velho professor, agora um pescador aplicado, não estava com sorte, não tinha nenhum peixe na rede. Mesmo assim, resolveu deixar a rede armada para o dia seguinte.
Ao voltar à praia, Pedro olhou para o alto, e viu que uma grande tempestade estava se aproximando. Não perdeu tempo, acelerou as remadas para escapar do temporal. Mas, alguma coisa começou a dar errada. Quanto mais remava para a terra, mais o barco se afastava. Nesse momento, um vento forte carregou de vez o barco para o alto mar.
A história estava se repetindo. Assim como o pescador Juliano, Pedro caminhava para o centro da tempestade. Não podia ser! A sua história ia ser publicada, mas ele estava seguindo o mesmo destino do seu personagem. Pedro lutava bravamente contra as ondas que tentavam de todas as formas virar o pequeno barco. Pediu ajuda aos céus e ao arquiteto do universo, mas de nada adiantou. De repente, uma grande onda veio e engoliu o barco, levando para o fundo do mar o velho professor. A morte veio buscar o professor Pedro de uma forma inusitada. Assim como o temporal surgiu, desapareceu no horizonte. O corpo foi encontrado boiando na praia do Pântano do Sul quatro dias depois do desaparecimento. Depois da tragédia, tudo voltou ao normal na vila.

sábado, 1 de outubro de 2011

O Silencio da Morte

A solidão da morte A saudade de quem foi Para um lugar onde ninguém Veio para dizer se é bom ou ruim As lágrimas são solitárias Onde o morto não consegue chorar Apenas observa com os olhos fechados O choro daqueles que nunca o amaram Está quieto na solidão do seu caixão Esperando para ir morar na cidade dos mortos Na hora da despedida Todos lamentam a partida Depois o tempo passa A solidão toma conta da saudade É o silencio da tumba E das lágrimas que secaram No leito da morte Os mortos viram heróis Os defeitos desaparecem As qualidades sobressaem Até porque todos ficam com dó Do moribundo sem vida Todos querem fugir dela Mas ela é implacável Severa e serena Tranquila e pacienciosa Aguarda na esquina da vida A chegada de todos nós Nascemos para morrer Morrer para viver longe daqui Junto da solidão do cemitério Ao lado de outro morto Que não fugiu da morte Apenas esperou para pegar carona Com o comboio dos falecidos

NÃO VOU ADORMECER SEM DEGUSTAR OS MEUS SONHOS

Ninguém prende um pensamento. Ninguém aprisiona uma alma ou um coração. O amor é livre e o gostar caminha junto com a liberdade. O desejo ...