quinta-feira, 28 de junho de 2012

MORENA DOS MEUS DESEJOS

Você representou o cheiro da boêmia/ O gosto do sexo feito em total loucura/ Nas horas silenciosas da noite.../ Os passos desvairados no final da madrugada/ O desejo de um inesquecível grande baile/ Representou também a alegria de dançar todas as marcas/ A vontade que a noite nunca terminasse/ Que fosse para sempre/ Que o cansaço nunca chegasse perto dos nossos corpos/ Arrepiados de tanta sensualidade.../ Você foi a minha vontade de viver para sempre/ Ouvindo o som do violeiro/ Brigando com o violão/ Dançando com a feia e a bonita/ Fazendo do salão uma academia de dança/ Ou quem sabe num quarto de motel.../ Como se fosse uma grande festança/ Por alguns momentos/ Cheguei a pensar que seria um eterno dançarino/ E morreria dentro de um salão/ Dançando apertadinho no/ Teu lindo corpo.../ Você foi à causa dos meus erros/ Representou muitas quedas na boemia/ Foi a responsável pelas lindas horas de amor/ E as orgias feitas na garagem da tua casa.../ Por outros momentos que ainda povoam a mente deste dançarino/ Mas precisa saber de uma coisa.../ Talvez nem mesmo a morte/ Com seu gosto frio/ Conseguirá superar o calor/ Dos teus beijos molhados.../ Nascemos para ser eternos amantes/ Das noites e dos bailes/ Dos instantes de sussurros nos finais da noite Que sempre foram motivos de alegria e desejos/ Ande os dias e as madrugadas.../ Você jamais poderá ser esquecida/ Porque foi a responsável pelos meus/ Inesquecíveis momentos de boemia e orgia/ Que até hoje vivi.../

terça-feira, 26 de junho de 2012

PEDIDOS

Que a dor seja mais doce/ Que a noite seja menos escura/ Que a amargura seja menos amarga/ Que a melancolia seja mais amena/ Que o sofrimento seja menos doloroso/ Que a estrada tenha menos pedra Como se fosse uma reta sem fim.../ Que a incerteza seja o inicio da certeza/ Que a tristeza seja mais alegre/ Que as dificuldades sejam menos dificeis/ Que o vazio seja repleto de esperança/ Que a morte seja o inicio de uma nova vida/ Que as tempestades sejam o inicio da calmaria/ Que o feio de hoje seja o belo no amanhã/ Que depois da chuva o sol reine sobre a terra/ Que nada seja complicado Na vida de um etinerante.../ Que a guerra seja o começo de um tempo de paz/ Que tudo seja sereno como uma linda noite estrelada/ Que a luz clareia o mais escondido Ponto escuro existente no mundo.../ Que a sede seja mais doce/ Que a fome seja mais resignada/ Que o ódio seja menos cruel/ Que a vingança seja mais doce/ Que o orgulho seja mais tolerante/ Que a saudade seja apenas um sonho De uma noite de verão.../ Que a dança seja o remédio das almas solitárias/ Que os momentos sensuais sejam o cair De infinitos goles de água frescas e limpas.../ Que o amor da mulher amada seja eterno/ Enfim, que tudo seja mais doce Na vida deste Poeta.../

domingo, 3 de junho de 2012

Saga de Uma Saudade

Ainda ontem me lembrei de uma frase que permanece na vizinhança das minhas recordações. “Por que você embora?” Os reais motivos até hoje não estão esclarecidos. Você não teve paciência e foi impaciente com o tempo. De repente, sem avisar, saiu de mansinho, numa longínqua sexta-feira, pegou a mala e viajou de braços com a aventura. Até tentei procurá-la, não adiantou, a decisão estava tomada. Quem sabe não entendi o real significado das suas palavras no calor das emoções amorosas. Depois de ter andado por tristes descaminhos, voltou para viver o segundo tempo de nossas vidas. Hoje está de volta, como pássaro sem ninho, ou ave de arribação, voltou para o ninho que soube te dar calor e proteção. Quem sabe veio para morrer ao meu lado. Os anos passaram, muita coisa aconteceu, entrei em outras vidas, talvez você tenha também entrado. Os teus olhos estão dizendo que errou em ter abandonado o único barco que o destino deixou em tuas mãos. Não precisa chorar, tenha calma e olhe bem nos meus olhos. Este olhar é o mesmo, é aquele que na primavera cinzenta e de poucas flores de 20 anos atrás, percorreu o teu corpo, e nunca mais deixou de admirá-lo. Entre e sente neste banquinho. Há muito tempo que fico aqui sentado olhando para a estrada, esperando que um vulto se aproxime. Eu tinha certeza de que um dia você voltaria pedindo para entrar na casa que abandonou loucamente. Aqui em casa, nada mudou. Os anos não alteraram a rotinha deste poeta. Durante o dia, leio, e à noite, escrevo e ouço música. Nos finais de semana, como bom dançarino, vou dançar, para deixar a alma lavada das dores existenciais e o corpo em forma. Eu até poderia prender você numa gaiola, como se faz com o passarinho cantador, mas não fiz isso, simplesmente deixei que voasse sem rumo. De repente foi necessário percorresses os caminhos que percorreu. Com certeza alguma lição foi tirada. Eu também aprendi uma grande lição: de que jamais devemos acreditar totalmente nas pessoas. As pessoas são como nuvens, não param. Hoje eu sei, preciso ter um pé dentro e outro fora. O meu coração está amargurado, acredito que o teu também. A conversa com Miriam estava emocionada. Ela nada me dizia. Somente o silêncio de uma mulher que sempre foi apaixonada e não admitia. Preferiu a rua e o sexo descontrolado. Ao mesmo tempo estava vindo para mostrar que nunca deixou de ter algum sentimento por mim. - Posso entrar? Será que mereço pelo menos uma consideração? – Perguntou chorosa. - Pode. Vamos conversar. – Respondi com o coração apertado e com uma imensa vontade de abraçá-la. Ela entrou lentamente, deu uns passos para fora da casa, olhando para o horizonte. Voltou a olhar para dentro, como se dissesse que as peças da casa continuavam as mesmas. Sentou no banquinho e olhou fixamente nos meus olhos, para em seguida dizer: - Estou de volta para nunca mais sair. Eu sei que não mereço ser tua companheira. Todos os dias da minha vida em que permaneci como mulher de todos os homens, em nenhum momento deixei de lembrar-me do homem que me ensinou a amar infinitamente. Quero o teu perdão. Necessito ouvir de você que me perdoa. - Mas primeiro preciso que me responda uma pergunta que até hoje permanece batendo na porta do meu coração. Por que você embora? - Meu amado! Não será difícil responder a tua pergunta. Eu tinha 20 anos. Você tinha o dobro da minha idade. Era nova e não conhecia o mundo, e o primeiro homem da minha vida foi você. - Isso não era motivo da tua fuga alucinada. – Acrescentei. - Eu sei que não. Carlos, para uma menina sem experiência na vida, conhecer o mundo era importante. Recebi um convite para viajar para a Europa com aquele empresário do ramo de importação. Ele me prometeu mundos e fundos, e no final me empregou numa casa noturna de Paris. Fiquei contra a minha vontade. Sofri de todas as formas. Apanhei e fui obrigada a usar drogas. Fiquei endividada com os mafiosos. Todo final de mês aparecia um divida. Todos os dias escrevia alguma coisa sobre você, lia e relia. - Como você conseguiu fugir deles? - Um comandante de avião pagou as minhas dividas com os mafiosos. Ele era meu amante e depois de uns quatro meses morando num hotel de Paris, vim para o Brasil. - E o que você fez com os escritos? – Perguntei. - Num belo dia, mais precisamente no natal de 2002, coloquei dentro de uma garrafa e joguei no mar. Na verdade foram cinco garrafas jogadas no mar com um tipo de diário onde relata a minha experiência como prostituta. Quem sabe um dia essas garrafas apareçam aqui na tua praia. Assim, você saberá tudo que escrevi no pior momento da minha vida. Ali estão as palavras de uma mulher que chorava todos os dias com saudades da vida que levava com um anjo, e que não soube valorizar. Miriam não podia estar mentindo. As lágrimas eram fortes e os soluços dela não podiam ser encenação. As marcas pelo corpo diziam tudo. Para uma mulher perto dos trinta anos, as marcas dos sofrimentos eram visíveis. - Carlos, você precisa acreditar em mim. Necessito de tua mão. Eu sei que você me ama. – Assinalou com veemência. - Eu não tive outra mulher na tua ausência. – Revelei. - Você estava me esperando? – Perguntou. - Não sei se era espera por você ou pelo fim dos nossos destinos. Todos os dias eu também pensava muito você. - Você me perdoa? – Voltou a perguntar com as lágrimas num rosto meigo e triste. - Qual a certeza de que depois de conquistar a minha confiança você não volte a voar como um passarinho sem ninho? - A certeza será a minha morte. Só sairei dessa casa dentro de um caixão. Jamais irei abandonar você! Não poderei dar a você um filho. A orgia, a droga e a bebida destruíram o meu organismo. Essa é a única coisa que não poderei dar a você. O resto será todo teu. - Miriam, você sabe que nunca me esqueci de você. Todas as noites arrumava a cama com dois travesseiros. Nenhum dia a cama ficou com um só travesseiro. Sempre sobrava um travesseiro. Hoje será diferente, o travesseiro será ocupado pela mulher que nunca esqueci. Vou perdoar você. Até porque não consegui tirá-la do meu pensamento durante todos esses anos. - Obrigada, meu amor! Teremos uma vida feliz daqui pra frente. – Assinalou Miriam, agora com os olhos brilhantes de alegria. - Assim espero. - Acrescentei, com um pouco de incerteza sobre o futuro. A minha vida com Miriam daquele dia em diante foi maravilhosa. Foram os momentos mais belos que já experimentei em toda a minha vida. Como eu morava de frente para o mar, todos os dias bem cedo, nós caminhávamos pela praia. Muitas vezes, parávamos para descansar, e como dois amantes apaixonados, fazíamos amor entre as pedras. Enfim, matamos todas as saudades possíveis. O tempo passou. Ela já era outra mulher, mais alegre, mais feliz, mas alguma coisa pairava no ar. Eu não sabia dizer o que era. Miriam estava aproveitando bem a nova vida, isso dava para sentir. No meu caso, estava explícito, mas no fundo, uma nuvem negra estava se aproximando de nossas vidas. As imagens daquele domingo estão ainda muito fortes. Naquele dia eu não fui caminhar com ela na praia. Precisava descansar, pois tinha trabalhado a noite toda numa revisão de um novo livro que pretendia lançar. Miriam estava demorando em demasia. Resolvi ir ao seu encontro, quem sabe tinha sentado na nossa pedra para apreciar o pôr do sol. Ao chegar perto da pedra me deparei com uma cena apavorante. A areia da praia estava totalmente ensanguentada. O corpo da minha amada estava jogado ao lado da pedra com várias perfurações de faca pelo corpo. Um bilhete foi deixado em cima da pedra, e dizia assim: “a máfia não perdoa. Ninguém rouba a máfia”. A polícia veio e tomou o meu depoimento. Não houve investigação e até hoje ninguém descobriu os assassinos. O enterro foi realizado e nada mais aconteceu. De um momento para o outro a minha vida virou do avesso e a tristeza tomou conta. Já faziam seis meses do episódio. Estava tentando me reequilibrar, e quando caminhava pela praia, como fazia com Miriam, olhei para as ondas e vi algo diferente. Parei um pouco para observar melhor o que era. Depois de alguns minutos percebi que era uma garrafa. Caminhei alguns passos e retirei a garrafa da água e percebi que dentro dela tinha alguma coisa. Abri com cuidado, e para minha surpresa, havia uma carta e uma pequena chave com algumas observações: “se for o meu amado Carlos que encontrou esta garrafa, pegue a chave e vá até o correio de Paris. Lá tem uma maleta com quinhentos mil dólares. É o meu presente como demonstração de amor. Porém, se for outra pessoa, peço com o maior amor do mundo, que o procure, para dividirem o dinheiro”. Não fui atrás do dinheiro, deixei que o tempo resolvesse a situação. Joguei a chave no mar. Preferi ter na minha mente a imagem de Miriam longe do dinheiro que foi o responsável pela sua morte. Não sei e não quero saber que fim levou os dólares guardados numa caixa de correio em Paris. Não tenho nenhuma curiosidade em correr atrás de uma fortuna responsável pelo desaparecimento da mulher dona do meu coração. Ainda continuo caminhando pela praia e, às vezes, sinto que alguém caminha comigo. O trágico desaparecimento, assim como a vida tumultuada dela fez com eu questionasse o valor da vida. Vale muito pouco. Talvez não tenha nenhum. Hoje, passados todos esses anos, consigo entender o olhar profundo de Miriam. Quando estávamos sentados na pedra admirando o oceano, ela muitas vezes ficava envolta com o horizonte. Era possível perceber a tristeza carregada nos olhos negros. Parecia que ao olhar para o oceano ela enxergava os futuros acontecimentos e as razões da sua trágica existência. No fundo, era uma grande mulher, com um belo coração, mas talvez ingênua para um mundo sem alma. A musicalidade de suas palavras quando de sua volta da Europa, até hoje bate forte no meu coração. Miriam viveu pouco e esse pouco foi o bastante para dizer que mesmo me amando, teve a necessidade de conhecer outros homens numa época em que os valores humanos não eram tão importantes. Por isso que sempre esperei por ela, mesmo achando que cometeu um grande erro e que não havia necessidade de sair pelo mundo como uma devassa. A relação com ela foi importante para mim, porque aprendi a conhecer o coração de uma bela mulher, rebelde e insensata.

NÃO VOU ADORMECER SEM DEGUSTAR OS MEUS SONHOS

Ninguém prende um pensamento. Ninguém aprisiona uma alma ou um coração. O amor é livre e o gostar caminha junto com a liberdade. O desejo ...