quinta-feira, 30 de abril de 2015

O ÊXTASE DA MÚSICA

Música embala o coração...É na dança que a alma se aproxima do Criador...A vida deveria ser uma eterna dança...As noites deveriam ter um fundo musical...Assim os sonhos seriam coloridos e bailados... Quando a tristeza tomar conta do coração...É na música e na dança que encontraremos a paz e a serenidade...Os dias poderiam também ter a luz da melodia da meia noite...Um dia a humanidade será como uma linda dança...Como um baile sem fim...Ao som das mais lindas valsas a violência se tornará coisa do passado...Os poetas...Os escritores...Os músicos...Os artistas...Serão os maestros da nova civilização...Até lá...Vamos levando...Levando...!

terça-feira, 28 de abril de 2015

A MORTE NÃO É NADA...PERANTE OS NOSSOS DESEJOS

Quero muito mais de você... O que você está dando... É muito pouco...! Muito pouco...! Você é tímida no manejo sexual... Quero pegar o... Teu corpo... Teu coração... Tua alma... Tua total sensualidade... Teus melhores momentos... Porque sou o teu remédio... O teu médico... O teu terapeuta... O teu canalha... Quero que você seja... Infinitamente minha... Que corra para ser abraçada... Acariciada... Em qualquer lugar... Sem censura... Que sonhe todos os dias... Que estou transando com você... Que acorde ao meu lado... Gostosamente cansada... Que nunca diga não... Apenas diga sim... Em todos os aspectos... Quero beijar tua boca sem parar... Sugar esses lábios carnudos... A minha língua enroscada na tua... Lamber o teu corpo branquinho... As tuas deliciosas coxas grossas... Os teus seios sensuais e empinados... Colocar você de quatro... Pegar no teu duro bumbum... Bater nele com fortes palmadas... Sem que você reclame... Que tenha orgasmos... Um atras do outro... Quero que chore de saudade de mim... Das nossas loucas noitadas... Reclame da distância que nos separa... Dos dias que estou longe você... Que perca várias noites de sono... Pensando no homem da tua vida... Quero que dance a noite inteira comigo... Todas as valsas possíveis... Que a noite pare no tempo... E quando a madrugada chegar... Quero pegar você... Fazer amor de pé... Encostada na parede... Num motel de beira de estrada... Deixando as tuas coxas tremulas... Que escorra o liquido das... Nossas fortes estocadas sexuais... Que você grite... Uive de prazer... Que os demônios da noite fujam de medo... Depois de tudo... A morte será muito pouco... Diante das nossas loucuras sexuais... Talvez a morte seja a nossa salvação... Que vai acalmar... Ou atormentar a nossa alma... Ou fazer renascer alguma coisa... Que eternizará as nossas paixões...

segunda-feira, 27 de abril de 2015

EXTREMA SENSUALIDADE DA DAMA DA SOCIEDADE

Agora vou escrever sobre você... Mulher que muda de acordo... Com o momento... Durante o dia você é uma mulher... Igual as outras que caminham pelas... Estradas da vida... Durante a noite... Só eu sei quem é você... Só nós dois sabemos de tudo... Dois perdidos... Envolvidos pelo desejo fatal... Você é uma louca pelas fortes emoções... Que vai da sensualidade ao sexo... Totalmente desnorteado... Não se preocupe... Eu não vou citar o teu nome... Até porque o verdadeiro amante não fala... Se esconde nos segredos dos encontros... Você é uma deusa na cama... Faz tudo que um homem mais deseja... Aquilo que os amantes mais almejam... O sexo total... Sem tempo para terminar... Porque faz do fim O início de tudo... Ontem à noite... Quando a lua cheia dominava o mundo... Quando o luar penetrava nos recantos da escuridão... Você e Eu estávamos fazendo a guerra... Da sensualidade e do sexo... Olhando para o teu corpo... Nu e suado... Nem parece ser a dama sóbria e serena... Que vai à igreja todos os domingos... Entre beijos molhados... Gemidos sem fim... Gritos pedindo muito mais... Você puta dos segredos... Prostituta nas horas vagas... Que nada cobra... Apenas quer sexo e mais sexo... Eu sei que teu marido... É daqueles que não gostam de sexo Talvez não te ame... Fazendo com que você abrace... O desejo na sua mais profunda emoção... Porque você precisa ser amada... De todas as longitudes... E latitudes... Mesmo que para isso... Necessite trair aquele que... A sociedade chama de esposo... No fundo dos teus olhos... Lindos e pretos... Brilha um mundo que somente... Eu conheço... Um mundo que você abriu a porta... Num momento de desespero... De uma mulher carente... Depois daquele dia... Você mudou totalmente... Deixou de ser a dama discreta e séria... Para ser uma louca... Que procura e necessita... Ser internada toda noite... Na clínica da sensualidade... Eu sou o teu médico... O teu psicólogo... Que acalma os teus anseios sexuais... Ao olhar você caminhando pela rua... Não se percebe o que tem dentro do teu corpo... Uma imensa sede... Uma profunda fome de amor e paixão... Com beijos ardentes... Soluçando e implorando... Para ser acariciada e amada... Você mulher dos amantes... Vai formando uma linda poesia... Onde as palavras se misturam... Com toques embriagantes... OBS: O poema acima foi inscrito em 2012 e faz parte da obra "CANTO PROFUNDO DA ALMA" que será lançada no final do ano.

domingo, 26 de abril de 2015

BEIJO ARDENTE DA NOITE

O frio ardente da noite... Arde a pele... Sedenta de desejo... Que nas noites frias... Aparece louca e desnorteada... Corpo querendo calor... Boca pronta para ser sugada... Beijada desesperadamente... Porque na escuridão nada é proibido... Somente o desejo... Sabe que nada tem limite... Talvez nem mesmo o infinito... Seja o finito das nossas loucuras... O silencio de uma noite... Onde o barulho da chuva... Penetra no solo seco... De uma terra sedenta por água... Não fique somente na vontade... Se liberte... Use as asas da liberdade... Venha viver a insustentável... Leveza da tua alma... Para que no amanhã não olhe... O passado como pesadelo... De uma noite quente de verão... Sou o teu consolo... A ponte da tua liberdade... O futuro que você espera a tanto tempo... Portanto...Não perca tempo!... Ao me ver... Abra os braços... Deixe que eu beije a tua boca... Com muita paixão... Loucura e desejo sem freio...

quarta-feira, 22 de abril de 2015

A VIDA CONTINUA E A MORTE É UMA VIAGEM

"Hoje, de algum lugar...Longe dessas terras...Há um doce olhar só para você...Um olhar especial...De alguém especial...De distantes origens...Um olhar de um justo coração que pulsa só a vida...Que sorri porque ama plenamente...Sem julgamentos, preconceitos e nem prisões...Hoje, como ontem, longe desses céus...Há um encantado olhar só para você...Nesse olhar vai para você a magia da luz...A simplicidade do perdão...A força para comungar com a vida...A esperança de dias mais radiantes de paz...Hoje, de algum dentro de você...Alguém que já o amou muito e ainda o ama...Diz para você que valeu a pena ter estado nessas terras...Sob estes céus...Falando de união, paz, amor e perdão...Poder sentir a força que faz você sorrir...E continuar o caminho...Que um dia aquele doce olhar iniciou para você...Tudo isso, só para você saber que a VIDA CONTINUA...E A MORTE É UMA VIAGEM..." (Autor Desconhecido)

quinta-feira, 16 de abril de 2015

PENETRANTES OLHARES

Olhe para mim... Bem dentro dos meus olhos... Deixe que os pensamentos sigam cada olhar... Navegue com o piscar de nossos olhos... Imagine o que os meus olhos estão vendo... Pense o que estou pensando... Morda os lábios de acordo... Com a vontade dos meus olhos... Deixe que a tua pele... Mostre o que os meus olhos estão... Querendo ver... Venha até aqui... Para ver o que estou imaginando... Não desvie o olhar... Não deixe que outros pensamentos... Perturbem o que os teus olhos estão vendo... Queira o que os nossos olhos... Estão querendo... Não feche os olhos agora... Olhe meigamente para mim... Veja que estou te querendo... Veja que estou pronto... Para te amar... Tire cada peça de roupa de acordo com meu olhar... Faça tudo devagar... Não faça nada rápido... Apenas deixe escorregar os obstáculos... Que estão tentando dificultar... A concretização dos nossos... Proibidos olhares... Beba os meus olhares... Como se estivesse degustando... Um cálice de vinho branco numa noite qualquer... Não tenha receio... Fique lentamente tonta... Desmaie languidamente... Não direção dos meus olhares... Imagine o que podemos fazer... Sem dizer uma única palavra... Apenas sussurrando palavras desconexas... Mas que podem conectar... Nossos ardentes corpos... Num bailado sem tempo... Sem olhar para lado nenhum...

terça-feira, 14 de abril de 2015

AMANTE DO POETA

A claridade entra pelas frestas do meu quarto... A madrugada está fria... O vento Sul assobia... Batendo forte nos rochedos... Lua das minhas eternas noites... Que imensa alegria!... Veio convidar-me... Para sairmos para mais uma grande... Noitada... Estou com saudade da tua companhia... A brisa do teu olhar... Refresca meus olhos... Esquenta meu corpo... Não posso deixar de amar Você... Lua amada Lua!... Quantas noites... Fostes cúmplice das minhas... Loucuras amorosas... Nunca falou para ninguém... Escondeu os meus segredos... Somente ria das minhas vontades... De amante insaciável... Sou teu eterno namorado... Amante das mil e uma madrugadas... Agora mesmo... Ao olhar para Você... Percebo que está sorrindo para mim... Meigamente revelando... Que a razão de ser bela... É a paixão que tem pelo poeta das noites... Que nunca deixará de te amar... Lua cheia... Nova e minguante... As tuas fases... São mostradas sensualmente... De forma nua e clara... Brilhante nos noites estreladas... Não existe coisa mais bela... Que é ter a tua companhia... Caminhar pela areia... Ver o brilho da tua beleza... Fotografando o mar... Tendo como testemunha a... Mulher amada... Hoje não poderei ir com Você... Companheira de grandes jornadas siderais... Visitar os locais de boemia... Nem mesmo percorrer os salões de baile... Quero que fique ao meu lado... Fortaleça meus sentimentos... Converse com os segredos da alma... Necessito que... Esparrames a tua luz nas estradas... Escuras do meu coração... Talvez na próxima vez... Acompanharei Você... Vamos matar todas as saudades que uma noite... Proporciona aos amantes... Perdidos na escuridão... Da madrugada... Tenho que apagar as mágoas... De seresteiro... Andando ao teu lado... Assim a sofreguidão se acalma... Não importa... Lua da minha vida... Se este poeta... Seja solitário nas suas andanças amorosas... Somos criaturas com a mesma alma... Criados no alvorecer do universo... Caminhantes apaixonados... Pela paixão... Que belisca a face... Dos aventureiros que tanto te amam... Foi acompanhando a claridade da tua beleza... Que encontrei a boemia... E as mulheres que tanto amei... Que não as encontro mais... Talvez estejam em outros recantos... Amando outros seres da noite... Sendo motivo de desespero... Ou de alegrias incontáveis... 0BS:O poema acima faz parte da obra: EMBRIAGANTE MAGIA DA NOITE", que já está na editora para ser lançada e representa a essência da alma do poeta. No dia da minha morte quero que a Lua ilumine o meu caminho e me acompanhe para sempre...Sou profundamente apaixonado pela noite...estrelas e a linda lua que nunca deixou a minha alma na escuridão...

quarta-feira, 8 de abril de 2015

VIAGEM TRAIÇOEIRA

Viagem longa... Longa Viagem... Caminhada solitária... Com o desconhecimento do trajeto... Muitos invernos e primaveras... Viajando dentro de um ônibus... Totalmente desconfortável... Que chamam de vida... No trajeto,... Vivo sentindo saudades... De onde vim... O que estou fazendo aqui... E por que ainda não parei... Em algum ponto do destino... Longa viagem... Distante da terra natal... Amores e paixões... Amigos do peito... Que vivem lá... E por mim torcem... Que a minha viagem transcorra... Em perfeita sintonia... Com o combinado... Viagem demorada... Demorada angústia... Angústia que nunca acaba... Em cada ponto que o ônibus para... Alguns descem felizes... Ou tristes... Por terem terminado a missão... Outros embarcam felizes... Porque estarão viajando... Para pagar algumas dívidas.. Ou angariar outras... Viagem com viajantes... Que muitas vezes nem sabem... O que estão fazendo... Não sabem se é turismo... Ou foram obrigados a viajar... Passam um bom tempo fazendo... Da viagem momentos de diversão... Outros viajantes... Com o coração e a alma desajustados... Não suportam a poeira, o calor,... A turbulência e o solavanco da estrada de chão... E acabam se atirando pela janela do ônibus... E ficam séculos esperando o resgate... Que na maioria das vezes demora bastante... Viagem latejante... Latejante viagem... Que maltrata... Os viventes mais empedernidos... Porque disseram... Que todos precisam ser evoluídos... E perfeitos... Passando pela solidão da dor... Quero completar a viagem... Mesmo que tenha que enfrentar... A perseguição e as emboscadas... Das hienas vingativas e sanguinárias... Com os olhos voltados... Para o ponto final da viagem... Vou viajando... De ponto a ponto... Rindo dos equivocados de plantão... Porque sou guerreiro... E não tenho medo de nada... Quando estiver vivendo ... Na minha terra natal... Jamais voltarei a empreender essa traiçoeira viagem... Quero fazer parte da Equipe de resgate dos... Acidentados das viagens universais... Ou dos loucos e covardes que se... Atiraram dos ônibus em movimento... Ou, quem sabe,... Trabalhar no jardim do além...

quarta-feira, 1 de abril de 2015

LÁGRIMAS DA PAIXÃO

Noite chuvosa e fria, com o vento sul uivando. A cidade estava quieta, somente o barulho das folhas e dos papéis que eram jogados pela força da ventania. A Rua João Pinto, com seus sobrados antigos, parecia uma imagem de filme de terror. A pensão da dona Benta, que ficava na Travessa Ractliff, esquina com a João Pinto, era o único prédio que tinha algumas lâmpadas acesas. Eu morava no segundo pavimento, na parte da frente, assim era possível acompanhar a movimentação do lado de fora. Já passava da meia-noite, quando resolvi descer e caminhar um pouco para acalmar o coração. Alguns pensamentos perambulavam pela minha mente, entre eles, o momento político que o Brasil estava atravessando. O regime militar matava e torturava oposicionistas de todas as cores e a pressão era grande. Como poeta e escritor, a minha situação estava ficando insustentável. Por tudo que enfrentava, o caminho natural era o exílio no Chile, mas lá a situação também não estava boa. A eleição de Allende aguçou a fúria das direitas chilena e americana. Outra coisa que me deixava triste eram as notícias de que o Governo Estadual iria aterrar a Baía Sul, acabando com o Mirante. O mar ficaria mais longe dos boêmios e transeuntes noturnos. Em nome do progresso, um aterro e uma segunda ponte transformariam a paisagem da linda ilha de Santa Catarina. Como estávamos vivendo numa ditadura militar, os jornais e demais meios de comunicação eram censurados. Só podiam falar bem dos militares e, quem ousasse dizer alguma coisa contra, a prisão, tortura e morte eram a vertente natural de qualquer vivente. Para alegria ou tristeza, o Brasil acabava de vencer a Copa do Mundo, no México. Os militares ganharam o que mais queriam: a propaganda de que o sistema estava cada vez melhor. O milagre econômico fechava a boca dos democratas. Eleições? Nem pensar... Isso era coisa de comunista ou católico progressista. Enquanto esses pensamentos povoavam minha mente, resolvi ir à Praça XV, sentar num banco e conversar com o silêncio e com os fantasmas da noite fria e chuvosa. Como estava bem protegido, com uma capa preta e um guarda-chuva, não me importava com a quantidade de chuva que àquelas alturas não era tão forte assim. Interessante em tudo isso, é que enquanto me dirigia à Praça, comecei a ouvir uma música que vinha do mar. Era uma melodia que nunca tinha ouvido, mas deixava meu coração mais calmo. Os sons da chuva fina e do vento se misturavam ao som da música. Não sei por que, mas parecia que algo estava para acontecer, pois sentia que talvez fosse a minha última caminhada nas terras de Santa Catarina. A Praça XV estava solitária, nenhuma viva alma se fazia presente. Algumas corujas guarneciam o local, quem sabe, esperando por mim. Sentei num banco e ali permaneci por algum tempo, conversando com os fantasmas do passado e com os meus medos, que nunca ficavam longe de mim. Olhei para o Palácio Cruz e Sousa, sua arquitetura barroca, e fiquei a imaginar: quanta história política suas paredes guardavam. No Mirante, alguns boêmios teimavam em permanecer enfrentando o frio e a chuva fina. O mar batia suavemente na orla, talvez se despedindo, pois logo um aterro iria tomar o seu lugar. Observava cada detalhe da paisagem noturna de Floripa, quem sabe eu também estivesse vivendo um adeus. De repente, olhei um pouco para baixo na direção do final da Rua Felipe Schmidt e vi uma figura feminina, vindo em minha direção. Acompanhei cada passo que a estranha dava e, aos poucos, ela ficou frente a frente comigo. - Boa noite, moço! Como vai? O que está fazendo aqui sentado, numa noite fria e chuvosa? – perguntou a misteriosa e linda moça. - Devolvo a pergunta. – respondi, com ar de pura estranheza. - Estou à procura de um bom papo, quero beber alguns goles de vodka e, quem sabe, uma noite de amor. Quero aproveitar os momentos da minha vida. Eu não sei o que vai acontecer amanhã, e, assim poderei viver alguns instantes, antes que o grande final da existência bata à porta. – respondeu, com uma mistura de mistério e desejo. - Boa resposta! Interessante ver a vida dessa forma. Eu também penso assim. Por isso é que estou aqui, para aprofundar as ideias sobre a existência humana. – acrescentei. - Já que você aprecia a minha forma de pensar, seria interessante que nos apresentássemos. Eu me chamo Cecília, e você? – perguntou a linda moça. Cecília era uma loira, com olhos verdes e cabelos compridos. Tinha uma beleza fora do comum, com pernas grossas e um bumbum avantajado. Os seus lábios carnudos pareciam querer um longo e doce beijo. Ela usava um vestido preto e por cima uma capa preta, demonstrando que tinha bom gosto. Desde o momento em que ela se aproximou, senti algo profundo. A química foi forte e irresistível. - Então, Cecília, eu gostei de você, principalmente da forma como você vê o mundo. Ainda mais em se tratando de uma linda mulher, que pode deixar qualquer homem louco de desejo. – revelei, com medo que ela fizesse uma falsa ideia a meu respeito. - Mas, não falou o teu nome... – assinalou. - Desculpe, Cecília. Fiquei tão entusiasmado com você, que acabei me esquecendo de dizer o meu nome. Eu me chamo Jorge e, nas horas noturnas, escrevo poemas e algumas histórias. – acrescentei. - Tudo bem, poeta, quem sabe a gente continua a conversa em algum lugar mais tranquilo, para podermos aprofundar as nossas ideias existencialistas... - sinalizou. Não podia negar o convite. Mas antes de irmos para a pensão, passamos no bar do Mirante e tomamos algumas doses de vodka, para espantar o frio. Entre goles e algumas pitadas de cigarro, conversamos sobre literatura, história e política. Ela falou que era militante do Partido Comunista Brasileiro e atuava na clandestinidade. E eu disse que era militante do mundo, que navegava pelas mais diversas áreas do conhecimento humano, sem nenhum atrelamento. A noite fria, chuva fina, vento sul uivando feito louco e a minha solidão, eram um prato cheio, para me esconder nos braços de Cecília. Ela, vendo que eu tinha aceitado o convite, pegou-me pela mão e fomos para a pensão Dona Benta. Logo que entramos no quarto, ela tirou a roupa e se jogou debaixo das cobertas, esperando, louca de desejo. Também fui direto. Não perdi mais tempo. A cada beijo na boca, um gemido. Cecília foi uma mulher ardente, desejosa de sexo sem limite. A noite foi pequena, acabei adormecendo nos seus braços. Quando acordei, somente o seu perfume se fazia presente. No criado mudo, deixou a calcinha vermelha, como recordação da nossa noite de amor. Fiquei na cama até ao meio-dia. O dia estava ensolarado, convidativo para caminhar pelas ruelas da cidade, que naquelas alturas estava agitada, diferente da última noite. A carta que recebi de um amigo, que vivia na França e as conversas com Cecília, me deixaram pensativo. Tentei várias vezes arrumar emprego nos jornais e nas rádios, como redator, ou mesmo repórter. Não obtive êxito, porque já me conheciam e sabiam dos meus pensamentos sobre a realidade política. Quando cheguei à pensão Dona Benta, a proprietária veio ao meu encontro, muito assustada, dizendo: - Senhor Jorge, acabaram de sair daqui, dois homens da polícia, queriam conversar sobre a sua vida. Queriam saber o nome da mulher que dormiu com o senhor. Fizeram inúmeras perguntas e deixaram um papel. - Obrigado, dona Benta. Eu já esperava por isso. – acrescentei, e subi direto para o meu quarto. Era a polícia do regime militar, que queria a minha presença na Delegacia de Ordem Política e Social, o mais rápido possível. Tinha certeza de que se eu fosse até lá, nunca mais sairia vivo. Estava na hora de colocar em prática o plano de fuga para o Chile, e de lá para a França. Ao arrumar a cama, encontrei um envelope, com mil dólares, deixado por Cecília. Havia ainda um bilhete explicando a rota de fuga para a França e algumas palavras amorosas. Segui o referido plano. Contratei um táxi, para me levar a Porto Alegre e de lá embarquei num ônibus até Montevidéu, no Uruguai. Aí permaneci uma semana, seguindo orientação de Cecília. Nesse tempo, aproveitei para conhecer museus e bibliotecas, assim como a vida boêmia da capital uruguaia. Mesmo seguindo o plano, ainda não tinha claro o papel de Cecília na minha vida. Não era militante político, apenas um poeta e escritor. A criação mais relevante que havia feito na área cultural, era o lançamento de um livro de contos, que relatava a vida sofrida dos militantes comunistas, durante a ditadura franquista. Nele, criei um personagem, chamado Pietro Ugrade, inteligente e articulado, que comandou por muito tempo a maior resistência ao regime de Francisco Franco. Nunca foi preso, sempre tinha uma saída e lançou inúmeras derrotas ao regime. Ninguém soube para onde foi, mas deixou o rastro de uma grande legenda na luta armada em favor da democracia. Essa obra foi destaque nos jornais de esquerda do Chile, como sendo a cartilha para os militantes comunistas no mundo todo. Interessante, que quando escrevi esse livro, estava vivendo um momento de tristeza sentimental. Tinha perdido a mulher dos meus sonhos num acidente de carro. A obra foi escrita em três noites e consumi dois litros de vodka. Agradeço profundamente a um livreiro, lá de Blumenau, que editou a obra em francês e lançou nas principais capitais europeias. Ele tinha bons contatos com os principais editores. Por dois anos ele vinha da sua cidade para me entregar dinheiro, resultado da venda do livro. Esse amigo desapareceu, anos mais tarde, nos porões do regime militar. Às 22 horas de um domingo do inverno de 1971, embarquei com destino a Paris, deixando a América Latina repleta de incertezas e assassinatos de democratas. Triste tempo e triste vida das pessoas que somente queriam viver numa sociedade livre. A Águia do Norte, com sede de sangue, voava por todos os países que ainda teimavam em colocar em prática a democracia. A escuridão da selvageria, que acontecia nos porões da ditadura militar brasileira, estava se espalhando pelo Chile, Uruguai, Paraguai e, logo mais, seria a vez da Argentina. Quantas famílias perderam seus filhos e quantas mães ainda choram o desaparecimento dos seus amados filhos. Quem pensasse diferente, era comunista e, sendo comunista, tinha que morrer. Segundo a Comissão dos Direitos Humanos da ONU, 80% dos assassinados pelas ditaduras latino-americanas, não eram comunistas e, sim, pessoas que lutavam pela liberdade. Todos esses questionamentos povoavam a minha cabeça. Eu pensava que não era correto fugir do meu próprio país, simplesmente porque pensava diferente e queria a felicidade dos oprimidos. Mas, os filhotes do grande império do norte achavam que era preciso afogar as democracias latino-americanas. Já era de manhã, quando desembarquei em Paris, cidade da liberdade, país da consciência livre, nação onde comunistas, anarquistas, direitistas, enfim, todos conseguiam viver em harmonia, mesmo pensando diferente. Para mim era uma grande alegria recomeçar a vida na capital francesa, mas com o coração partido, porque tinha deixado a terra natal, ocupada pela escuridão da ditadura militar. Logo que desembarquei, no saguão do Aeroporto de Orly, avistei Cecília, bela e muito bem vestida, me esperando para dar as boas vindas. Veio ao meu encontro, dizendo: - Bom dia, meu amado Jorge, que bom ver você e saber que tudo correu bem. - Bom dia Cecília, minha linda mulher, charmosa e misteriosa. Você fez tudo certo, deixou meu coração feliz e ainda cuidou da segurança. – revelei, com profunda felicidade em ver a mulher que mexeu com os meus sentimentos. - Vamos pegar um táxi para irmos ao meu apartamento. Temos muito que conversar. Explicarei a você os motivos da minha ida a Florianópolis, para resgatá-lo da iminente prisão e morte nos porões da ditadura militar brasileira. – destacou Cecília, que naquele momento, me analisava dos pés à cabeça. Ela observava os pequenos detalhes das pessoas e das coisas ao seu redor. - É verdade, querida. Realmente, preciso fazer várias perguntas. No início, achei que tivesse sido obra do acaso, o nosso encontro na Praça XV, naquela noite de chuva fina e fria. Depois, com o teu bilhete e os dólares, passei a acreditar que tudo tenha sido planejado em algum momento. – assinalei, com ansiedade, para saber a verdade. - Fique tranquilo, meu amado poeta. Quando te conheci naquela noite, tive uma surpresa agradável. Pensei que iria encontrar um homem idoso e feio, mas pelo contrário, na minha frente estava um belo homem, charmoso e sensual. Tive uma das noites mais importantes da minha vida. Para uma mulher de 30 anos, foi um privilégio. Fiquei triste em ter que sair bem cedinho do calor dos teus braços e embarcar num ônibus com destino a Curitiba. Durante toda a viagem, a tua imagem na saía da minha cabeça. Não posso negar, como comunista e ateia, que as emoções foram tão fortes, que até tenho medo de um dia perder você. – revelou Cecília, totalmente meiga e carente dos meus beijos e abraços. - Por que eu, minha amada Cecília? Quem está por trás do meu resgate das garras do império do mal? Fale um pouco da tua vida e diga realmente quem você é. Porque eu ganhei a liberdade e um grande amor. Como é bom voltar a ser amado e amar uma mulher como você. Hoje, tenho 43 anos e me sinto como um homem com 30. Talvez, como poeta, esteja vendo a vida com mais paixão e alegria. – disse, com grande satisfação no coração e me sentindo viajando nas nuvens. - Jorge, meu lindo poeta, o editor de Blumenau, que tinha vários contatos no Brasil e no exterior, ficou sabendo que você iria ser preso e encaminhado para Curitiba. Lá, na capital paranaense, seria torturado e morto, dentro da Operação Condor, desencadeada pelas ditaduras militares do continente latino americano. O objetivo da referida operação era matar todos os oposicionistas de todas as áreas. Você se tornou importante com o lançamento da tua obra, sobre a vida dos militantes comunistas espanhóis que lutaram contra a ditadura franquista, e serviu e serve como cartilha na luta contra o fascismo. Os militares brasileiros queriam, de todas as formas, matar você. Na reunião do Comitê Central do Partido Comunista Francês, fui designada para viajar ao Brasil e tirar você do iminente assassinato. Faço parte de uma organização mundial, que cuida dos oposicionistas que sofrem perseguição em regimes totalitários. Também sou procurada no Brasil, mas até hoje não conseguiram seguir os meus passos, porque desapareço com a poeira e as nuvens que o infinito coloca para me proteger. Para teu conhecimento, sou catarinense de uma pequena cidade do Oeste, chamada Modelo. Sou filha de alemães, estudei para freira em Caxias do Sul, Estado do Rio Grande do Sul, mas não cheguei a me formar. Acabei me apaixonando por um padre italiano, de esquerda. Fugimos para a Itália e não demorou muito para que ele fosse expulso da igreja. Depois de dois anos, o padre foi morto pelas Brigadas Vermelhas, na disputa pelo poder da esquerda armada na Europa. Com esses acontecimentos e com o coração estraçalhado, virei prostituta de dia, para fazer a faculdade à noite. Durante cinco anos sofri horrores nas ruelas de Roma. Conheci o submundo das drogas e do sexo. Vivi a experiência de ser amante de homens ricos e casados, que na sociedade pregam a moralidade, no mundo do sexo e das drogas mostram a cara. Mesmo com saudade do Paolo Francesco, levei a vida, e a vida me colocou em Paris, como militante comunista, porque vi as contradições e os preconceitos da sociedade burguesa. Sabe, Jorge, faz dez anos que não visito os meus pais. A saudade é grande, há dias que choro, copiosamente, na solidão do meu pequeno apartamento. As imagens da minha infância, indo à escola, de alpargatas e com dois cadernos, aparecem de maneira linda. Ainda é muito forte na minha cabeça o dia da formatura do segundo grau. Os meus pais, alegres em ter uma filha inteligente que seria uma grande mulher. Eles queriam que eu fosse médica ou freira. Nada disso aconteceu. Hoje, o importante para mim, são os caminhos de luta e a visão revolucionária. Sou comunista porque quero que as pessoas sejam felizes e tenham acesso à educação e à saúde. E, acima de tudo, que sejam livres para escolherem seus próprios caminhos. Onde não exista a luta de classes, mas somente a classe de um só povo, sem exploração dos trabalhadores. E, principalmente, que vivam numa democracia ampla geral e irrestrita. – concluiu Cecília, com os olhos cheios de lágrimas. Enquanto esperávamos o táxi, tínhamos sentado no banco de uma praça, e as palavras de Cecília foram tão fortes e emocionantes, que acabei chorando também. Não precisava dizer mais nada. Eu estava na frente de uma personagem inesquecível, em todos os sentidos. Grande mulher! Inteligente. Parecia uma deusa da Grécia, que veio reviver uma vida na defesa dos humilhados e ofendidos. Ela não tinha raiva, ódio, rancor, e muito menos queria vingança. Tinha pena dos ditadores e torturadores. Para Cecília, eram pessoas que ainda não tinham encontrado a verdade e precisariam estudar e assim saber que estavam equivocadas. Alma linda e doce, pessoa extraordinária... Durante trinta dias passamos juntos, nos amando, conversando, trocando ideias sobre os acontecimentos do mundo. Fui apresentado aos dirigentes comunistas da França, que foram carinhosos comigo. Para não ficar sem fazer nada, me ofereceram trabalho na redação do jornal do Partido Comunista Francês. Cecília ficou uma temporada na Argélia, dando aula de marxismo aos jovens do PC argelino. Vivemos um longo período juntos. Nunca tivemos desavença. Certo dia, o dirigente maior do Partido Comunista Francês veio com a notícia de que estávamos autorizados a viajar clandestinamente ao Brasil, através da Argentina, via Dionísio Cerqueira, para visitar os pais de Cecília. Era uma reivindicação antiga dela que estava sendo atendida. Tudo foi preparado e organizado, com a participação do Grupo dos Montoneros, da Argentina. Assim, com segurança, iniciamos a viagem, de navio. Aproveitamos a viagem para nos amar mais ainda. Como foi linda aquela viagem de navio! Era noite de lua cheia quando chegamos à cidade de Modelo, Estado de Santa Cataria. Cecília parecia caminhar nas nuvens, tamanha a felicidade. Em todos os momentos apontava para mim os lugares que viveu a sua infância. A residência de seus pais ficava na última casa da principal rua da cidade. O carro que nos trazia era dirigido pelo companheiro Urbano, membro dos Montoneros e conhecedor de Santa Catarina. Logo que desembarcamos, Cecília gritou: - Papai! Mamãe! Sou eu! A filha amada de vocês, que está de volta! Papai! Mamãe! Eu não morri. Estou aqui para matar a saudade de vocês! Onde vocês estão? Gritando e chorando a minha amada caiu de joelhos e beijou a sua terra natal. Nesse momento, a porta da frente da casinha de madeira, branca de janelas verdes, foi aberta e os pais de Cecília saíram na varanda, e gritaram: - Cecília! Nós tínhamos certeza de que você não tinha morrido. Todas as noites, através do sonho você vinha nos consolar, falando palavras bonitas, dignas de uma grande filha. Ficamos em Modelo uma semana vivendo com a família dela, esquecendo as questões políticas mundiais. Cada minuto foi vivido intensamente, que até parecia que tudo era despedida. O ambiente estava propiciando sensações doces e meigas de almas que enfrentarão a difícil tarefa de continuar caminhos opostos. Tudo tem um tempo e, às vezes, o destino nos derruba violentamente. No final de uma tarde de um lindo dia, quando o sol começava a se despedir, ouvimos o barulho de dois automóveis, com placas da Argentina, que estacionaram na frente da casa. Urbano e Alcides estavam vindo para nos buscar. Segundo afirmaram, foi necessário que dois carros viessem por questões de segurança. Até hoje isso me deixa com uma pulga atrás da orelha. Não andamos mais de 30 quilômetros, quando fomos surpreendidos por cinco camionetas (veraneio) pretas e repletas de soldados do exército brasileiro. Não deu tempo para nada, era bala para todo lado. Cecília foi metralhada e morreu na hora. Urbano arrancou rapidamente, escapando da emboscada e pegando uma estrada secundária. No momento, achei tudo muito estranho. Os tiros não eram dirigidos em nossa direção. Não chegamos a ser baleados e nem corremos algum risco. Segundo a imprensa da ditadura militar brasileira, Cecília e Alcides ficaram cravados de balas e, no final, tiveram seus corpos queimados e enterrados como indigentes. Para a alegria dos fascistas, a revolucionária catarinense foi morta, mas não conseguiram matar a consciência livre da sua alma, que perambula no universo, lutando em favor da democracia. Depois do assassinato da minha amada, voltei para Paris, de onde jamais sairei. Quando chove, e o frio intenso chega às noites parisienses, deixo o pensamento viajar, à procura da pessoa mais importante da minha vida. Adormeço, e assim consigo conversar, em sonho, com a minha eterna Cecília.

NÃO VOU ADORMECER SEM DEGUSTAR OS MEUS SONHOS

Ninguém prende um pensamento. Ninguém aprisiona uma alma ou um coração. O amor é livre e o gostar caminha junto com a liberdade. O desejo ...