quarta-feira, 18 de março de 2015

DEMOCRACIA, A DAMA DA LIBERDADE

Democracia, como você é linda e cheia de graça! É tão bela, perfumosa e meiga, e nem se importa que falem mal de você... É também tão senhora de si, que não se abala com os saudosismos militaristas dos senhores da escuridão... Você é uma flor, com diversas cores e tamanhos... Não adormece; nunca se cansa, faz companhia à lua e às estrelas... Nunca fica triste... Até mesmo quando gritam querendo e pedindo a tua morte... Democracia, eu sou apaixonado por você! Todos os dias, quando o sol descansa por detrás da grande montanha, peço aos deuses do universo que cuidem muito bem de você, pois és tu que me protege do ódio dos tiranos e dos corruptos... Você é tão superior e inteligente, que permite que todos os seres humanos pensem diferente. Permite que todos gritem, falem, discordem, briguem e se manifestem clamando por seus sonhos... Você, minha linda flor, se alimenta dos contrários e fica contente quando, depois das discussões, prevalece o respeito pela ideia vitoriosa, escolhida pela maioria. Vive oportunizando aos humildes, a possibilidade de lutar e vencer na vida... Às vezes chora, quando vê a intolerância e o preconceito campearem em alguns lugares do nosso país e do mundo... Num passado, não muito distante, nós vivíamos tristes e solitários, porque não conhecíamos você... Muitos lutaram e perderam a vida para trazer você para morar conosco... Como foi bonito e maravilhoso ver você, linda e sorridente, caminhando ao lado dos primeiros raios da liberdade... Democracia, Democracia...! Nunca mais nos deixe... Fique eternamente ao nosso lado... Tenha certeza de uma coisa: daremos a nossa vida para defender você. E, se preciso for, morreremos ao teu lado... E, juntos, seremos enterrados na curva do rio que divide a luz da liberdade da escuridão das ditaduras de todas as cores...

sábado, 14 de março de 2015

A ESPOSA DO MARCO

Era uma casa grande, de dois andares, totalmente feita de madeira nobre, mais precisamente, canela. Levou três primaveras para ser construída e gerou confusão, porque a madeira foi trazida do norte do país. Com arquitetura estranha e misteriosa, a morada no alto da montanha criou inúmeros comentários da vila dos pescadores. Segundo algumas histórias, a casa tinha sido feita para as almas errantes residirem ao serem barradas na porta do céu. Outros diziam que a máfia a utilizava para as suas reuniões secretas. Na verdade, a casa aguçou a imaginação das pessoas, que a olhavam com certa desconfiança e medo. Dos trabalhadores que ajudaram na construção da casa, em torno de cinco, três morreram misteriosamente, e os demais se mudaram para outra cidade, sem deixar nenhum rastro. A pessoa responsável pela compra do terreno e construção, só aparecia no último domingo do mês, para trazer material e pagar os operários. Esse comportamento gerou ainda mais desconfiança nos moradores da Vila de São Pedro, colonizada por turcos vindos no início do século vinte para o Brasil. Esse estranho proprietário nunca deixou transparecer qualquer coisa, sempre fugia das perguntas. Conversava pouco, tinha os olhos pretos, alto, magro e pele branca. Quando não gostava de alguma coisa, era ríspido e não dava oportunidade para explicações. Era também exigente nos detalhes da construção, queria tudo perfeito, não se importando que fosse refeito. No último dia de trabalho, o misterioso proprietário apareceu para pagar a última parcela aos operários. Como sempre, foi rápido e não agradeceu ninguém. Mas Joaquim, carpinteiro e responsável pela execução dos trabalhos, não deixou por menos, e indagou: - Desculpe Senhor, preciso fazer uma pergunta que está engasgada na garganta há muito tempo. Quem vem morar nesta casa? É o Senhor? - Não lhe interessa quem vem morar aqui. Cuide da sua vida! Mas, já que você foi corajoso em fazer a pergunta, vou responder: aqui será a casa da minha mulher. – revelou, com ar de arrogância. - Então, é ela e o Senhor que irão morar? – acrescentou Joaquim, meio chateado com as palavras daquele homem prepotente. - Ela vai morar sozinha. Estou construindo para ela morar. Eu vou continuar vivendo em outro lugar. Já falei demais. - Pelo menos diga o seu nome. – disse Joaquim, meio contrariado. - Sou Marco, filho do polonês Kasov. – revelou o misterioso homem, dando a conversa por encerrada. O tempo passou e a mudança da esposa do Marco nunca apareceu. Joaquim participou do velório dos amigos mortos misteriosamente e resolveu ir embora. Depois da construção da casa no alto da montanha, a vila nunca mais foi a mesma. Até mesmo o Padre Veríssimo, que vinha duas vezes por mês para celebrar missa, começou ir uma vez a cada dois meses. Gildo, homem que gostava de noitadas, dizia para os moradores da vila que todas as noites a mulher do Marco fazia festa com pessoas que vinham de outros lugares. Ele também não ficou muito tempo na vila. Certo dia, bem cedo, pegou a mulher e as malas e desapareceu na estrada empoeirada do interior de Santa Catarina. O rio Uruguai, também já não era o mesmo, antes manso e caudaloso, agora violento e cheio de troncos, que desciam em alta velocidade. Os pescadores estavam apavorados com a falta de peixe, não acreditavam no que acontecia. Fernando, o pescador mais novo da vila, tomou uma decisão e foi certa noite conferir a história de Gildo sobre as festas na casa da esposa de Marco. Passava das vinte e duas horas, o céu estava estrelado e a lua cheia despontava no horizonte. Como era mês de julho, o frio reinava na costa do rio. Antes de ir, conversou com a sua noiva, Maria: - Eu vou ver o que acontece lá na casa misteriosa que o Gildo falou tanto. Quero ver a esposa do Marco, mulher que nunca aparece durante o dia, somente à noite para algumas pessoas escolhidas a dedo. - Não faça isso, pelo amor de Deus! Lá é a casa do demônio. Quem vai, não volta mais o mesmo. – implorou Maria, com preocupação com o noivo. Tinha certeza que ele, se voltasse, viria totalmente diferente. - Deixe de ser boba, não acredito nessas coisas. – disse Fernando, rindo da preocupação de Maria. Após a conversa, ele se arrumou e se encaminhou para o local temido pelos moradores da vila de São Pedro. Ao se aproximar, ouviu música e um palavreado esquisito. Não precisou bater à porta. Uma linda mulher esperava por ele. - Pode entrar, Fernando. Há muito tempo espero por você. - revelou a bela mulher, com alegria e um sorriso sedutor. - Como assim? Eu não conheço você e nem sei como se chama. – acrescentou Fernando, com os olhos arregalados pelo que via e ouvia. - Eu sou Angélica, esposa do Marco. Adoro festa, dança e sexo. Eu sei que você gosta de dançar e outras coisas boas, por isso te trouxe aqui hoje. – revelou Angélica, já totalmente largada para o lado de Fernando. - Não acredito! Eu vim sozinho e não fui convidado por ninguém. – respondeu Fernando, meio sem jeito. - Esqueceu? Você não teve um sonho ontem à noite? Então, era eu a mulher que fez você perder os sentidos de tanto dançar e fazer sexo. Engraçado, alguns homens esquecem rapidinho as coisas relacionadas ao sexo. Mas, entre, quero lhe apresentar para algumas mulheres que vão adorar ser amadas por um belo dançarino. Esqueça a Maria, logo ela também fará parte do nosso clube. – assinalou a estranha mulher. Fernando, ao colocar os pés dentro da casa, sentiu algo profundo e violento. Tudo girou e fez dele outro ser. Parecia que estava em transe. Depois de ser apresentado para todos que estavam na festa, Angélica pegou Fernando pela mão e o levou ao seu quarto. Por um longo tempo o casal fez sexo de todos os jeitos. Estava selada a vida de Fernando, a partir daquele momento era mais um membro do clube da esposa do Marco. A noite estava terminando e Fernando precisava ir embora. Ao sair, Angélica, linda e meiga, disse: - Fernando, estarei te esperando na próxima sexta-feira. Não se preocupe com Maria, ela está te esperando de braços abertos e virá com você. – acrescentou Angelica, determinada e certa no que afirmava. E foi isso o que aconteceu. Maria esperava por Fernando no portão casa, dizendo: - Hoje quero ser sua, e não vamos esperar pelo casamento. Quero perder a virgindade, e na próxima sexta-feira irei com você na festa na casa da esposa do Marco. Fernando, no início não entendeu nada, mas não deixou por menos, pegou Maria e ali mesmo no portão da casa, iniciou as carícias. Os primeiros raios de sol despontavam no firmamento e Maria estava sendo penetrada por Fernando na porta de entrada de sua casa. Até parecia que Maria era experiente em transar, porque foi dela a ideia de fazer sexo ali mesmo. Ela não era a mesma. Sem calcinha e totalmente alucinada, queria sexo de todos os jeitos. Antes, conservadora; agora, parecia uma puta, sem nenhum pudor. Já Fernando, em momento de extremo prazer, chegou e ver a fisionomia de Angélica se misturar com a de Maria. Mesmo assim, entre sussurros e gemidos de Maria, Fernando sentiu que daquele dia em diante teria duas mulheres ao seu dispor. Ano de 1960, época em que o tempo caminhava caudalosamente, como o rio Uruguai antes da chegada da Esposa de Marco. Tudo estava acontecendo da forma planejada. A Vila de São Pedro também obedecia à ordem das coisas. Com a chegada da Esposa do Marco, uma imensa nuvem escura pairou sobre a comunidade, outrora simples e conservadora. Agora, tudo mudou de repente. Os jovens tinham um local para se divertir e todos os caminhos levavam à casa da esposa do Marco. Porque foi assim que o próprio Marco disse, quando pagou a última parcela da construção. Angélica, linda, de olhos verdes, encantadora e, acima de tudo, sedutora, sabia como atrair e influenciar moças e rapazes da localidade. Já Marco, que morava em outro lugar, na calada da noite, junto com seus comparsas atormentavam as pessoas mais velhas para saírem do local, ou até mesmo sugeria o final de suas vidas. Tudo acontecia de forma silenciosa, através do pensamento e dos sonhos. Certa vez, o Padre tentou, durante a missa, explicar o que estava acontecendo e foi acometido de uma tosse contínua, que largou o recinto da igreja e nunca mais foi visto. Dizem que sofreu um grave acidente, acabando por falecer depois de longo período acamado. A Igreja, que nos bons tempos lotava para ouvir o sermão do Padre, agora estava totalmente dominada por ratos e baratas. Durante vinte anos, a comunidade de São Pedro foi influenciada e comandada pela esposa do Marco. Meninas de 15 anos participavam ativamente das festas na casa da esposa do Marco. Políticos, militares e empresários de todos os lugares pagavam para participar das orgias. No final de cada mês Marco aparecia para arrecadar o dinheiro. Maria e Fernando tornaram-se os responsáveis pela administração do local e pela arregimentação das jovens que seriam vendidas aos poderosos da República. Os meninos também tinham um papel importante. Os mais bonitos e bem dotados eram selecionados para ficar à disposição dos políticos, militares e empresários homossexuais. Marco, com seu estilo funesto e misterioso, chegava na boca da noite, conversava, na suíte, com Angélica, depois fazia o balanço com Fernando e Maria. Não permanecia por muito tempo, desaparecendo nas ruelas empoeiradas de São Pedro. Mas tudo tem um tempo. O domínio de Marco e Angélica estava para acabar. Como aconteceu com Sodoma e Gomorra, São Pedro também iria sofrer com a ira dos deuses do universo. Não chovia há mais de seis meses. O rio Uruguai estava com suas águas bem rasas. As árvores mostravam sinais amarelos e secos. O calor era insuportável e, naquela sexta-feria de janeiro, tudo iria arder em chamas. Já passava da meia-noite quando o fogo tomou conta da Vila de São Pedro e chegou rapidamente na casa da esposa do Marco. Naquele dia, era festa de aniversário da construção da casa. Foram convidados políticos e militares mais importantes da República e arrebanhados meninos e meninas virgens para deleite dos presentes. Gritos e pedidos de socorro foram ouvidos. Nada ficou de pé, somente cinza restou da Casa da esposa do Marco. Dizem alguns pescadores que passavam pelo rio Uruguai, que Angélica saiu correndo pelo mato como uma tocha humana, com os olhos arregalados. Outros se jogavam no rio, mas não adiantava, porque o grito da morte esperava por eles para levá-los para o inferno.

sexta-feira, 6 de março de 2015

Os Olhos São Livres

Os olhos estão com saudade... São livres... Olhar para todos os lados... Para todas as coisas... Belas e feias... Eles sentem a falta das emoções... Que passaram pela frente... Nos momentos mais fortes da vida... Os olhos têm várias cores... Mostram o fundo da alma... A sinceridade da pessoa... E a desonestidade de alguns... Você pode proibir alguém... De falar alguma coisa... Mas não pode proibir os olhos... De olhar para quem quiser... O coração só sente... Desde que os olhos repassem a imagem... Do que estão vendo... Admirando... As lágrimas aparecem... Quando os olhos ficam tristes... Magoados por alguma coisa... Que foi feita... Os olhos conseguem mostrar... O tamanho do amor... Do ódio que o ser humano... Tem pelo seu semelhante... Vamos olhar para todos os lados... Para as paisagens que a natureza esculpiu... Para as mulheres que embelezam... A vida...

NÃO VOU ADORMECER SEM DEGUSTAR OS MEUS SONHOS

Ninguém prende um pensamento. Ninguém aprisiona uma alma ou um coração. O amor é livre e o gostar caminha junto com a liberdade. O desejo ...