sexta-feira, 27 de julho de 2018

AINDA VIVE

Têm coisas que não morre/Apenas vive/Às vezes fica em silencio/Outras vezes hiberna/Ou se esconde/Aguardando para se mostrar/De tão profundo que é/Por mais que queira/Teima em permanecer grudado/Luta para não morrer/Aceita o desfecho/Mas não aceita ser arrancado/É uma raiz que penetrou as entranhas do coração/Fica ali/Como uma flor imortal/Em alguns momentos/Para ser notado/Expele suave perfume/Sabe que foi sentido/Mas também sabe/Que nada vai mudar/Num triste monólogo/Conversa com as paragens/Que foram fundamentais /Na germinação da semente/Como uma flor do deserto/Deixa-se tostar pelo forte sol/Mas quando chega a noite/Deleita-se com o frio intenso/Que se abate/Nas areias finas/Agora frias/Faz da sofreguidão/O alimento para se manter vivo/E fugir da morte/Nessa luta intensa/O amor nas suas mais variadas vertentes/Continua sobrevivendo/Na luta contra o não/Contra o mal/Contra as adversidades/E contra os preconceitos dessa infeliz humanidade.

quarta-feira, 25 de julho de 2018

NO ACONCHEGO DAS ALMAS

Na silenciosa noite/Escura e melancólica/Procuro as estradas/Tomadas pelas ervas daninhas/Tento encontrar os passos/Dos amores que deixei no calor/Das noites quentes de verão/Nunca fechei porta/Nem as janelas da minha alma/Em algum dia fechei/Nas intermináveis estradas que percorri/Sempre construí uma bela paixão/Que devido/A minha alma nômade/Deixei plantada a semente do amor/Que acredito/Muitas germinaram/Outras desfaleceram por falta de regar/Ou por saudade/Ou quem sabe/Preferem o silencio/Quando a noite domina o infinito/Mostrando as estrelas alegres/Olho para o céu/Tento encontrar a estrela mais cintilante/Capto a energia do universo/Converso com os astros e interajo com eles/Troco informações sobre as almas apaixonadas/Que perambulam pelos mundos afora/Sentado numa pedra/Ao lado de um pequeno riacho/Continuo a vagar/Deixo o pensamento navegar/Sem amarras/Me sinto um pássaro noturno/Voando em todos os cantos/Que um dia entreguei o meu coração/Como não somos donos de ninguém/Apenas depositários de amores fortuitos/Continuamos pintando quadros/Com as mais belas mulheres/Que também/Experimentam os momentos meigos e sensuais/Assim vamos trocando os passos/Degustando cada sentimento/Que servem para nos fortalecer na infinita caminhada pela terra/Já no final da noite/Quando o frio da madrugada penetra o coração/Recolho as impressões/Me entrego ao sono/Ao sonho de um vivente/Crente de que apenas somos pequenos viajantes/Visitantes de um lugarejo/De uma comunidade/Que logo/Muito logo/Voltaremos ao aconchego da nossa casa/Onde vamos colocar os olhos/Nas almas que verdadeiramente/São os nossos eternos amores...

segunda-feira, 23 de julho de 2018

A VIDA É FEITA DO PASSADO

Aqui vai uma homenagem aos sentimentos que ainda vivem dentro do meu coração/Quem não tem esses sentimentos? Todos tem/E as vezes somos obrigados a render tributos/As pessoas que passaram em nossas vidas/Quem não tem passado/Não tem memória/Não tem história/Não se pode vive só do presente/Foi no passado/Que se tirou as melhores lições de vida/Recebo algumas criticas/Sobre a importância de se falar do passado/Respondo sempre/Que a estrada do presente/Se iniciou lá no passado/Nenhum país/Nenhuma pessoa pode desprezar o passado/É de lá/Que veio a experiência/A forma correta de continuar caminhando/

sexta-feira, 13 de julho de 2018

EMBRIAGANTE MOMENTO

Ontem estive naquele local/Esperei por você/Mas no fundo/Eu sabia que você não viria/Foi só uma forma de relembrar dos nossos encontros/De repente senti um suave aroma/Que acariciou o meu rosto/Junto com esse meigo toque/Senti o teu perfume/No alto/Um pássaro sobrevoava em direção do norte/Joguei um beijo/Pedi a ele/Que fosse o portador de um beijo/No teu rosto/O pássaro deu meia volta/E veio em minha direção/Pousou num galho de uma árvore/ Bem perto de mim/E ali/Cantou uma linda canção/A nossa canção... /Depois/Como se estivesse se despedindo/Levantou voou/E seguiu viagem/Permaneci ainda por um longo tempo/A noite estava se aproximando/Quando subi uma estrada/Que no verão passado/Tínhamos feito esse trajeto de mãos dadas/Sentei numa pedra que dava para visualizar a imensa planície/Com plantação de girassol/Ali permaneci/Conversando com os pirilampos e cigarras/Que bailavam numa alegria contagiante/A minha alma/O meu coração/Estavam satisfeitos/Pela magia/Pela embriagante paz/Que o momento/Estava proporcionando/Tem momentos na que deveriam se eternizar/De tão belos/Que chegam a ser uma ponte/Para o outro lado da vida.

domingo, 1 de julho de 2018

OS CHICOTES DA VIDA

Nasci na costa do Rio Uruguai/Na cidade de Nonoai/Rio Grande do Sul/Mas registrado em Chapecó/Comecei os meus dias/Comendo peixe frito/Polenta com leite/Carne de porco com mandioca/Na beira de rio/E andando pela terra vermelha/Acompanhado pelos amparadores do universo/Enfrentei todas as tempestades possíveis/De pé descalço/Ou quando muito/Usava uma velha alpargata/Doada por uma tia/Que mais parecia ser minha mãe/Que nunca tive/Saía bem cedo/Para vender pé-de-moleque e doce-de-leite/Nas ruas empoeiradas da minha terra/Para ajudar nas despesas da casa/Muitas vezes com frio e fome/Chorava/Porque tinha medo de chegar à casa/Isso porque muitas vezes/Era espancado com vara de marmelo/De uma Senhora que se dizia/Minha avó/Que na verdade foi o carrasco da minha infância/Que me privou de conhecer e conviver com o meu pai/Se chegasse com a sexta cheia/Tinha que vender tudo/De qualquer jeito/Minha infância/Foi violenta/Nunca relatei o que estou relatando/Faço desses versos/Uma porta aberta das minhas angústias/De que viver/É apanhar da vida/Não de pessoas estranhas/Muitas vezes da própria família/Foi nesse meio social oprimido/Que cresci/Repleto de cicatrizes/Marcas na alma/Cortes profundos no coração/Reflexos de uma infância violentada/Como guanxuma nunca quebrei/Me dobrei com o ataque dos inimigos/Sem conhecer o que era brincar/Nunca fui tratado como criança/E sim como homem/Que precisava trabalhar/Era cobrado pela falta de alimento/Dormia no chão batido/Acumulei muitas revoltas/Erros/Que foram responsáveis pelas desesperanças/Dos equívocos da caminhada/Hoje quando o sol da existência/Caminha para o final da tarde/Não me resta outra alternativa/A não ser/Mudar/Procurar o canto da alegria que nunca existiu/Dentro do meu coração/Esquecer os carrascos da infância/Olhar com olhos de águia/Afiar as garras/Voar bem alto/Sozinho/Sem ninguém por perto/Para ditar o tamanho dos passos/Prefiro morrer na solidão de um caixão/Do que ser policiado/Por um mundo/Que nunca me valorizou/Foi assim que o Pai do céu/Escreveu o meu destino/Talvez por saber que poderia suportar/Ficar distante de pessoas/Que querem chicotear os restantes dias da vida/Correndo maratonas/Aqui e acolá/Vou pintando de branco/As partes escuras da alma/E costurando os cortes/Do meu coração/Fazer das lágrimas/Canção que acalente os meus últimos dias/As minhas noites/E os sonhos de um vivente/Que viveu uivando/Como lobo das noites sem lua...

NÃO VOU ADORMECER SEM DEGUSTAR OS MEUS SONHOS

Ninguém prende um pensamento. Ninguém aprisiona uma alma ou um coração. O amor é livre e o gostar caminha junto com a liberdade. O desejo ...