ESCRITOR TORRES
sexta-feira, 17 de janeiro de 2020
NÃO VOU ADORMECER SEM DEGUSTAR OS MEUS SONHOS
Ninguém prende um pensamento. Ninguém aprisiona uma alma ou um coração. O amor é livre e o gostar caminha junto com a liberdade. O desejo é livre como livre é a paixão. O poeta para ser poeta precisa ser livre para ser e agir. Ao escrever um poema o poeta precisa estar livre para imaginar e se ver no texto e no contexto. O dia em que o poeta se sentir preso por alguma amarra, ele começa a morrer... O pássaro precisa voar para satisfazer os desejos da sua pequenina alma e o poeta é assim também. Se o pássaro voa o poeta viaja no tempo e no espaço. Aqui estou expressando os meus desejos e os sonhos que acalento. Não consigo viver e me sentir dentro de uma gaiola, vendo os pássaros voarem e não conseguir voar junto. Tenho poucas maças dentro da sexta da vida, portanto, preciso degustar lentamente cada uma delas, sentado na varanda de uma casinha perto de um lago, sem ninguém para compartilhar os últimos momentos da jornada aqui na Terra. A liberdade é solitária e não compartilha absolutamente nada. A liberdade é sozinha para ser e estar aonde quiser. A liberdade voa pelo espaço a procura de outros ares e de gostos diferentes. Não vou adormecer sem degustar todos os meus sonhos. Quero envelhecer caminhando pela estrada na companhia dos pássaros, da lua e das estrelas. Não vou ficar com dor no coração para sempre e arrependido de não ter feito o que a minha alma tanto almeja...
quinta-feira, 9 de janeiro de 2020
ONTEM EU TIVE UM SONHO
Despontava a madrugada/A lua clareava a sombra nos recantos da Terra/Quando fui levado para conversar/Sentei num banco de uma praça muito bem cuidada/Entre lágrimas escutei as razões do meu destino/Do passado, presente e futuro/Tentei ponderar/Mas não teve e não tem jeito/O que está escrito será cumprido/Senti uma profunda dor no coração e na alma/Informaram também que jamais poderia falar para alguém sobre os destalhes do sonho/Mostraram um longo filme da minha vida/Foi quando as lágrimas escorreram no rosto/Ao meu lado tinha duas pessoas/Uma mulher e um homem/Criaturas que me conhecem profundamente/Ela é alguém que fez o meu coração se despedaçar de tanto amor/Num momento da vida/Ele acredito ser o meu anjo de guarda/Que sempre cuidou de mim nas loucas aventuras/Foi muito difícil escutar tudo sobre uma longa vida e aceitar calmamente/Desse sonho ainda sinto o perfume do lindo jardim que embelezava o local/Ainda ouço as lindas palavras Dela/Que por vários momentos me beijou da mesma forma que fazia quando aqui vivia/Quando a noite ia adormecer nos braços das florestas/E se despedindo de mim ... Ela me abraçou e com lagrimas nos olhos disse...."Sempre te amei! Sempre vou te amar!Mesmo vivendo distante! O meu amor por você é intocável! Continuarei cuidando de você! Serei sempre uma ponte para que você passe nas dificuldades da jornada! A tua dor será minha/Quem agredir você estará me agredindo também! Não te importe com as criticas. A tua alegria será minha! O teu sucesso será comemorado comigo! Quando você voltar para a nossa casa...Aqui ao lado desse lindo jardim. Estarei de braços abertos para vivermos o resto dos tempos juntos! Vá amor, mas não demore muito porque o meu coração sente muito a tua falta... Toujurs mon et homme grand amour...
sexta-feira, 27 de dezembro de 2019
SIM EU TIVE UM AMOR
Cá estou! Novamente no mundo da literatura/Estou de novo no estradão/De onde jamais deveria ter saído/Fui enganado pelo canto da noite/Que prometeu adormecer comigo até o fim dos tempos/Si eu tive um amor/Um castelo foi construído/Na maior das alegrias e da paixão/Na primeira tempestade/Saiu correndo/Deixando para trás o sangue que jurou acalentar/Esquecendo das juras em momentos inesquecíveis/Estou no estradão da noite/Estradão do bailão/Não vou olhar para trás/Nem mesmo esmolar o retorno da ingratidão/Sem rancor ou magoa no coração e na alma/Vou seguir outro caminho/Vou olhar para frente/De frente com novas paixões/Do passado vou guardar apenas lembranças/Que fizeram de mim o homem mais feliz do mundo/Mas que foram jogadas ao vento/Sim eu tive um amor!/Jamais negarei!/Ainda guardo a boca molhada pelos beijos que recebi/Nas noites de inverno e de verão/Só não sei se realmente fui amado/Vivi um grande amor!/O meu coração era feliz/Mas veio o vento da adversidade doméstica/Normal na vida de dois corações que prometeram ultrapassar todas grandes as barreiras/E levou tudo/Como se fosse feito de papel/Ruiu um monte de promessas/Um monte de esperança/No estradão que vou percorrer/Esquecerei que um dia tive um amor!/Vou amar quem realmente sabe amar/Ou que mereça o meu amor/O amor sem restrição... /Não poderei fazer mais nada/Aceito com renhida galhardia/Apenas vou usar o poema como uma arma que desencante os relampejos de um amor que ficou na história...
segunda-feira, 16 de dezembro de 2019
I'OISEAU EST GRADUIT
Sou um pássaro que estou livre/Abriram a gaiola para mim voar para bem longe/Não querem mais ouviu o meu canto/Cansaram da minha canção/Cansaram da minha melodia/Não deviam ter deixado a porta da gaiola aberta/Porque estou voando para nunca mais voltar/Vou cantar em outros lugares/Aonde gostam da minha canção/Gostam do jeito que sou.../Sou um pássaro livre/Livre para voar em liberdade/Sem ninguém para cobrar o volume da minha voz/Lá do alto/Eu vou cantar/Vou olhar para o infinito/Vou reviver os momentos que um dia vivi por aqui/Vou conversar com as estrelas/Dialogar com a lua em noites estreladas/Vou ouvir o canto dos pirilampos e das sirigaitas/Serei um pássaro da noite/Um pássaro com uma canção que fala do amor sem preço/Do verdadeiro amor/O amor irrestrito e sem régua para medir/E muito menos para comparar com o dia a dia da vida mundana...
/Não vou chorar/Não vou implorar/Não vou voltar/Apenas seguirei o som do meu cantar/Que vai se espalhar pelos vales e pelas planícies...
OBS: Este poema foi escrito em 1972, em plena Ditadura Militar, quando eu tinha 16 anos. Dois anos depois eu vim morar na Capital e logo depois iniciou o meu exílio... Com este pequeno poema, ganhei o prêmio "MELHOR POETA DO GINÁSIO SÃO FRANCISCO de Chapecó. "PÁSSARO ESTA LIVRE" que em francês quer dizer I'OISEAU EST GRADUIT... Era apenas um jovem com uma longa caminhada pela frente, como hoje, desbravando o desconhecido, que nunca se submeteu a nenhuma regra que maltrate o seu coração...
terça-feira, 3 de dezembro de 2019
POETA AMALDIÇOADO
Faço da escrita o grito da alma! O grito escondido! O grito arrancado e dolorido. O grito da irrestrita liberdade! Letras que nunca subirão ao pódio. Enquanto na corrida sou abençoado e valorizado na escrita sou um desgraçado. Nem mesmo uma medalha recebi por um poema. Porque os meus poemas, como os poemas do poeta Frances, Baudelaire, são escritos para os amaldiçoados das malditas ruelas de uma civilização em final de carreira. Os meus poemas acalentam a paixão dos amantes que fazem do amor uma arte em ebulição, enquanto isso os hipócritas da elite são amados e valorizados pelo céu. Toda vez que escrevo penso no lodo e na flor que um dia vai morrer nos braços da noite e da sensualidade. Teve um tempo que eu me importava com o que escrevia, hoje apenas vomito as frases que campeiam o meu coração. Não me interesso mais pela escrita, mesmo sendo um escritor e um poeta com livros publicados. Baudelaire disse um dia que o poeta é o lado sensitivo do homem, mas que nunca convive com a ignorância e com a hipocrisia. Se Deus não me valoriza como poeta é por que os meus poemas falam a verdade e não esconde a podridão da alma humana. Engraçado é que as religiões na antiguidade sempre procuravam os poetas para escreverem as suas falsas ladainhas, depois colocavam os mesmos em ardentes fogueiras da inquisição acusados de feiticeiros... Outra questão, a primeira coisa que um regime ditatorial faz é mandar matar os poetas e escritores, porque talvez tenha medo das escritas dos loucos... Enquanto corro por todos os lugares do mundo como um louco, por outro lado continuo escrevendo para o vento... Escrevendo para as almas que vagueiam os mundos... Escrevendo para a inteligência e para os cientistas que questionam o conservadorismo e o fascismo. Se Willian Shakespeare era cuidador de cavalos da burguesia inglesa para ter um pedaço de pão, eu sou jardineiro dos ricos para me manter, porque o pobre não tem dinheiro nem para comer. Segundo os historiadores Shakespeare morreu pisoteado pelos animais que cuidava, eu talvez seja atropelado enquanto esteja correndo pelos cantos da Terra. Assim é a vida de um poeta amaldiçoado, mas que não tem medo de morrer.
sábado, 30 de novembro de 2019
TELEFONE NÃO PARA DE TOCAR
O telefone está tocando. Olho e sei quem está ligando. Você está tentando voltar. Já passa da meia noite e o sono não vem. O vento sopra forte e o frio está se despedindo. Logo o verão esquentará todos os corações. Você teve todas as oportunidades para ser minha. Não soube me segurar. Muitas vezes fez de mim um ser qualquer. Achou que poderia viver sem mim. Pagou para ver e custou caro. Foi embora batendo a porta. Não disse nada e permiti que saísse. Porque o que é para ser será; Olho para a janela e a noite quer a minha presença. Arrumo-me e saio. Vou à procura de fortes emoções. Não vou muito longe e logo entro num salão de baile. Lá em casa o telefone continua a tocar. Não adianta tocar porque não te pertenço mais. Sou da noite e da noite serei para sempre. Peço para o garçom uma bebida. No fim do salão uma morena me olha com imensa vontade de bailar. Tomo um gole de bebida e vou à procura dela. Dançamos a noite inteira. Quando o sol lança os seus primeiros raios estou descansando em seus braços...
segunda-feira, 4 de novembro de 2019
O ADEUS DA LAVANDA
Hoje vim me despedir de você. Estou partindo para sempre. Vou para um lugar distante e sentirei muita saudade do teu perfume. Durante muito tempo fiz você sofrer, mesmo te amando. Talvez um dia possamos nos encontrar nas trilhas das nossas vidas. Eu sei que fiz muito mal a você. Fiz da vingança o remédio para acalmar as feridas do meu coração e da minha alma. Passei vários anos perdendo tempo na caminhada do ódio e do rancor. Você errou muito comigo. Usou-me e depois desapareceu nos braços de outros amores que tinham dinheiro. Eu era pobre e não possuía sangue nobre. Sofri por demais e acabei na sarjeta da morte. Via em você a razão do meu viver. Enquanto você se deleitava em longas noitadas de orgia, eu sofria quieta, aguardando apenas a porta do além se abrir. O tempo passou e muitas noites escuras vi passar. Longos dias enfrentei na esperança de um dia te encontrar e iniciar o processo de vingança. Até que um dia vi você renascer num corpo de um anjo, mas com uma alma velha e repleta de dividas para pagar. Observei você crescer. Vi as tuas imensas dificuldades num lar pobre e muito diferente daquela vida que te conheci nos tempos da velha França. Vibrava quando você era espancado pela avó. Batia palma quando você passava fome e frio. Ao ver você se tornar homem preparei as mais variadas armadilhas. Em todas elas caiu como um pato. Tornei você um pervertido e nunca permiti que ficasse com alguém por muito tempo. Incrível como você foi fácil para minha vingança! Influenciei a tua vida em todas as formas possíveis. Fui também o teu carrasco. Alguém disse para mim que o ódio é o amor que enlouqueceu. Concordo, mas no meu caso, nunca deixei de te amar, mesmo vendo você sofrer. Queria que você sentisse o que eu senti. Um amigo vem conversando comigo há muito tempo e aos poucos me convenceu que a vingança está acabando. Ele revelou que preciso seguir o meu caminho e deixar você sozinho. E que está na hora do perdão. Disse também que o teu destino já está traçado. Vai terminar na solidão, correndo como um louco por todos os lugares do mundo e nas horas de descanso vai bater na porta dos fantasmas amorosos do passado. Porque nesta vida continuou a infame jornada de cativar corações e depois abandonar. Perdi duzentos anos te perseguindo, mas deixei de evoluir e conhecer outros amores. Estou seguindo novos ares, mas vou levar dentro do meu coração as lembranças de um homem que amei por demais, que me usou, abusou da minha ingenuidade, machucou o meu coração e depois simplesmente virou a cara. O que vou guardar de você, eu não sei. Talvez um dia, quem sabe em outros tempos, podemos viver as promessas que você fez na claridade da lua cheia. Aliás, eu sou aquela que te ensinou a gostar da lua, porque foi nas longas noites que conheceu a misteriosa magia de namorar e se entregar. Siga os derradeiros anos da tua vida relembrando os amores que deixou perdidos nas estradas. Como você diz, deguste as últimas maçãs que tem na cesta da vida. Se alguma coisa acontecer com você, tenha certeza, não serei a culpada, porque estarei distante. De hoje em diante estou livre de você e você de mim. Outra coisa. Você vai sentir a diferença em não ser influenciado por mim. Grande diferença será notada no decorrer do tempo.
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