TAMBORES DOS GOLPISTAS

Quanto mais tempo passo/ Nessa grande viagem da vida/ Mais começo a procurar o/ Caminho de volta/ Viver ao lado da natureza/ Junto dos passarinhos/ Tomar banho nos rios/ De água limpa e cristalina/ Ouvir somente/ O cantar do galo/ Avisando a chegada/ De um novo dia/ Quero sentir o cheiro/ Da terra/ Plantar aipim e milho/ Criar galinha/ E no início do dia/ Ter o prazer de colher ovos/ Numa bandeja de vime/ No final das tardes/ Continuarei correndo Pelas trilhas de terra batida.../ Durante a noite/ Depois de um café/ Com pão e mel/ Conversar com a lua cheia/ Escrever os meus poemas e/ Observar a dança das estrelas/ Se continuar aqui/ O brilho pela vida/ Aos poucos irá se exaurir/ Começo a não acreditar mais/ Na possibilidade da linda e frágil/ Democracia crescer forte em/ Meu País.../ Em nome de combater a corrupção/ Juízes e a Globo querem derrubar/ Um governo livre/ Que foi eleito pela esmagadora maioria/ Do povo.../ Como o poeta Neruda/ Que morreu de desgosto/ Ao ver os militares assassinarem Allende/ Percebo que as coisas estão se encaminhando/ Perigosamente para o caminho do fascismo/ Tão combatido pelos valentes democratas do passado.../ Enquanto a elite bate panela no alto de suas mansões/ Contra um governo/ Que tirou da linha da pobreza/ Milhões de brasileiros/ O povo sofrido/ Que recebeu ajuda dos democratas/ Vê os piores dias de suas vidas/ Aproximaram-se.../ A alegria/ A paz.../ A liberdade.../ A Democracia.../ Serão substituídas pelos/ Santos que saquearam a República/ Ao longo de quinhentos anos/ E nunca foram punidos.../ Espero não ver/ Nem ouvir/ Os tambores dos golpistas/ Ecoarem no imenso território/ Do nosso amado Brasil/ Quero sumir/ Ficar longe/ Distante de tudo/ Deixar que os vampiros/ Eternos saqueadores/ Vestidos de magistrados/ Se lambuzem com as riquezas/ Não quero/ Farei greve/ Não assistirei/ Nada que a toda poderosa/ Globo mostrar/ Porque alguma coisa/ Tenho que fazer/