PÁGINAS ESCONDIDAS

Vou entrar no arquivo/ Na biblioteca/ Nas páginas do livro/ Ou melhor.../ Nos capítulos escritos/ Ao longo de uma época/ Que teima em se propagar/ Nos corredores da vida/ Lá fora.../ Nevoeiro torna o dia/ Escuro e depressivo/ O sol está escondido/ Volto o olhar para as/ Pastas guardadas/ Para nunca serem abertas.../ Alguma força estranha/ Toma conta/ Domina o ambiente/ Até parece que quer/ Participar da leitura do diário/ Demoro e resisto/ Preciso de uma razão/ Para adentrar num passado/ Que o tempo/ Resolveu esconder/ Um vento/ Ou uma brisa fresca/ Entra pela janela/ Como se fosse uma proteção/ Destravando o ambiente/ Refresca a consciência/ Submeto-me à vontade/ Da força estranha/ Abro a primeira pasta/ As páginas amareladas/ Abrem-se na frente/ Pelas palavras/ Pode-se observar que foram/ Escritas no tempo da/ Máquina de datilografar/ Os olhos abrem a porta do tempo/ Entro e sento numa cadeira/ De madeira que há muito/ Não se fabrica mais/ Entrego-me a um mundo/ Bem distante/ Sinto que não sou o único/ Que se delicia com a leitura/ A força estranha/ Faz-se presente/ Cada página lida/ Ela anota/ Num papel invisível/ Pouca importância é dada/ As horas passaram/ Lá fora o tempo é outro/ É mais escuro/ A noite se faz presente/ Repleta de estrelas/ O nevoeiro se dissipou/ A força estranha/ Pegou carona/ Desapareceu junto com/ A esquisita energia/ Tudo voltou ao normal/ Pelo menos até a próxima/ Visita da soturna/ Força estranha.../