terça-feira, 14 de junho de 2016
QUE O VENTO LEVE AS CINZAS
Somos prisioneiros/
De alguma coisa/
De alguém.../
Ou de pensamentos equivocados/
Mas que/
Acabam nos confortando/
Até porque/
Não somos inocentes/
Em algum lugar/
Deixamos alguma dívida/
Ou alguém esperando por nós/
A prisão é inerente/
Ao nosso comportamento/
Longe da lógica/
Que deveria ser a nossa/
Bandeira de vida.../
A liberdade é um sonho/
Que todos os dias almejamos/
Olhamos através das grades/
Que a vida nos impõe.../
O sol nunca é totalmente/
Claro para os nossos olhos/
Mesmo assim/ /
Vibramos com/
Seu calor e claridade/
Muitas vezes andamos cambaleando/
À procura de um lugar ao sol/
Mas vivemos à mercê da escuridão.../
Todos os dias o nosso coração palpita/
Por novos horizontes/
As palpitações acontecem/
Toda vez que avançamos/
Na direção da salvadora mudança.../
Nesse emaranhado/
Somos criaturas presas/
Que pensamos/
Que vivemos na gloriosa liberdade/
Quando somos criança/
A pouca idade/
Deixa-nos presos/
Aos pais.../
Quando adultos/
Imaginamos que podemos/
Fazer tudo.../
Aí é que a real verdade aparece/
Continuamos presidiários/
De uma sociedade autocrática/
Hipócrita e desumana.../
O conservadorismo é dominante/
Faz de nós/
Criaturas marcadas/
Numeradas com um número/
Como acontece com os animais/
Que são marcadas com letras/
Representando o fazendeiro/
Nós temos o CPF e outras/
Correntes que fazem de nós/
Seres pequenos/
Verdadeiros animais domesticados/
Acorrentados pela mão forte/
De um Estado corrupto e incompetente/
Sem vontade de viver/
O pleno sonho/
Acabamos sendo/
Dominados por processos/
Que deixariam Kafka com vergonha.../
Quando tentamos seguir/
Os nossos passos libertários/
Burocratas jogam processo/
Sobre nós.../
Até mesmo quando/
Somos visitados pela morte/
Mais uma vez/
Um número é colocado/
Em nossa sepultura/
Melhor seria/
Que as nossas cinzas/
Fossem levadas pelo vento/
Assim talvez/
Pudéssemos sentir na plenitude/
Da alma/
A liberdade tão almejada.../
Se alguém/
Algum dia/
Sentir saudade/
Que suba na montanha/
Mais alta/
E de lá.../
Ouça a nossa libertária canção/
Que estará se propagando/
Nos uivantes ventos/
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