terça-feira, 27 de março de 2012

Fragmento de um poema de Facundo Cabral

“E me chamas estrangeiro, porque cheguei aqui por um caminho que não conhecias, porque nasci em outra cidade, e conheci outros mares. Chamas-me estrangeiro porque não estás acostumado comigo, já que eu zarpei de um porto distante, e tu pensas que as despedidas existem apenas para que se agitem lenços e se encham de lágrimas os olhos, e acreditas que, quando se vai para longe, todos pensam apenas no dia do regresso, e nas orações que os entes queridos ficam repetindo, dia após dia, anos a fio. Mas eu não sou estrangeiro. Porque despertei em minha alma o que antes não conhecia, e descobri que todos os homens são iguais, que houve uma época em que o mundo não tinha fronteiras. Todos nós trazemos o mesmo grito, as mesmas perguntas, o mesmo cansaço das viagens muito longas. Os que dividem, os que dominam, os que roubam, os que mentem, os que compram e vendem nossos sonhos, são eles que inventaram esta palavra: Estrangeiro. Olha-me no fundo de meus olhos, além do teu ódio, do teu egoísmo, do teu medo, e verás que sou apenas um homem, que precisa de tua ajuda. Não posso ser, nunca fui um Estrangeiro”.

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