segunda-feira, 15 de junho de 2015

AS CHUVAS DOS ANOS SESSENTA

Que venha a chuva... Que o frio pegue carona... E esfrie a vida... Que o chão fique molhado... E regue as plantas... As chuvas podem chegar... Estão demorando... Tornando o clima mais ameno... Mandando o calor embora... E com ele... A certeza de que tudo precisa mudar... A água que cai do céu é importante... Principalmente quando estamos deitados... Ouvindo o cair das pesadas... Bagas de chuva no telhado... Ainda ontem à noite... Quando a minha alma... Viajava pelos locais... Da minha infância... Lembrei das... Chuvas dos anos sessenta... Dos verões e invernos... Que jamais voltarão... Vinham para refrescar o calor... Regar a plantação de feijão e milho... Refrescar as emoções de uma criança... Mostrava um novo mundo... Um novo horizonte... No embalo do tempo... No balaio das contradições familiares... Era transcendental ouvir o barulho da chuva... Sentindo o cheiro de terra molhada... Parecia que estávamos no plano sideral... Acompanhando o caminhar dos deuses... Como o tempo anda... Segue o relógio do universo... E ainda na emoção da viagem no tempo... As cenas da época de criança... Permanecem na minha mente... De forma musical... Tudo era como um filme... Quem sabe um desenho animado da... Vida juvenil... Correndo na chuva... Olhando para o céu... Conversando com os anjos... Sem nenhuma preocupação... Apenas vivendo a magia... De pequenos... Seres inocentes... Sem medo do futuro... E preocupação com algum... Tipo de resfriado... O mundo parecia ser... Um promissor paraíso... Onde o encantamento do clima... Fazia com que tudo fosse um sonho... Os dias de chuva... Eram motivo de alegria... Porque ninguém nos segurava em casa... Não tinha televisão... Cinema era para os ricos... A criatividade de criança... Vinha profundamente forte... Na poesia de pequenos seres... De um tempo... Onde o respeito pelos mais velhos... Era necessário e obrigatório... Os dias não passavam... Os minutos pareciam eternos... E os segundos eram infinitos... Tudo isso acontecia... Na mente e no coração... De uma criança ingênua e pobre... Que muitas vezes... Conheceu o infortúnio da fome... Do frio intenso... Que cresceu... Sem pai nem mãe... No meio de predadores sem coração... E de criaturas que se diziam perfeitas... Apanhou da vida... De forma cruel e violenta... Mas continua correndo... Não mais da chuva... Nem da fome... Muitos menos do frio... Nem dos leões... E sim do tempo... Para que nunca acabe... A heroica jornada terrena...

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Ninguém prende um pensamento. Ninguém aprisiona uma alma ou um coração. O amor é livre e o gostar caminha junto com a liberdade. O desejo ...