sexta-feira, 22 de julho de 2011

Ingênua Flor

Ela estava sentada na varanda da casa, observando o mar e as ondas quebrando na areia. Cada onda era uma foto que vinha e voltava. As imagens do passado fluíam como filme, às vezes coloridas, às vezes em preto e branco, passando pelo presente e viajando para o futuro, para tão longe onde seus olhos nem pudessem enxergar, quem sabe, para o outro lado do tempo. Já tinha navegado por muitos mares e conhecido dezenas de portos. Em todos eles deixou inesquecíveis saudades. A vida dela era uma folha corrida com histórias de amor, muita dor, angústia, emoção e alegria, que se perderam ao longo da caminhada.

O corpo já estava gostosamente cansado de tanto viver, de tanto olhar para o sol e de tanto se esconder da escuridão da noite. Muitas vezes tinha confessado que viveu o bastante para fechar os olhos e acordar na outra margem do oceano. Em diversos momentos, nas longas tardes de outono, via ao longe a hora chegando, vindo na sua direção, com flores e músicas em sua homenagem.

Muitas primaveras haviam passado, inúmeras alegrias e dezenas de tristezas fizeram parte da existência. Para uma mulher, a vida tinha sido bela e ao mesmo tempo emocionalmente cruel. Deu tudo e tudo tirou, deixando somente a solidão como sua derradeira companheira. Foi cortejada por belos homens e rejeitada por outros. Mas, de todos, um marcou muito a sua vida. Era o inesquecível Coiote. A imagem dele fazia com que o infinito viajasse eternamente deixando belas paisagens.

Mesmo andando por vários lugares das grandes cidades, ele permanecia caminhando suavemente dentro do coração e da alma. Nunca teve a deselegância de sair, apenas ficava dando leves toques de insustentáveis saudades. Por esse homem valeu a pena ter vivido até aquela data. Nunca foi embora, apenas ficou ao lado dos seus sentimentos, como se fosse um amante à espera da amada, ou uma gostosa sombra. Mas o tempo viajou depressa, deixando marcas pelo corpo.

Da sua beleza pouca coisa restou, as linhas do tempo tomaram conta de tudo e muitas cicatrizes em seu coração. O destino foi amargo para com ela, roubou o encanto. As imagens continuavam indo e vindo.

Paty estava sozinha e todos desapareceram. Até mesmo a encantadora beleza foi embora. Estava gorda e cheia de marcas pelas coxas e bunda. Os homens que juraram envelhecer com ela fugiram nas esquinas das noites. Foram tantas as noites, que nunca conseguiu contar, muito menos a quantidade de madrugadas que foi usada sexualmente. Nunca quis amar, exceto o seu grande amor: o saudoso Coiote.

Desde que se viu mulher dentro daquele pequeno mundo, sabia que teria uma vida profundamente embriagante com desconcertantes prazeres, mas que deixariam rastros de amor, paixões, ódios e chorosas saudades em diversos corações. Nasceu para uma vida de ilusão. Sabia que seria de muitos homens e que no final da vida estaria sozinha, catando os cacos da enlouquecida existência.

O sol começava a se aproximar da grande montanha, deixando o clima mais ameno e com um gostoso frescor. A mente continuava a viajar. Até parece que foi ontem que saiu da pequena cidade do Oeste de Santa Catarina.

Os anos se passaram como uma linda noite de ilusão, mas as emoções ainda se faziam violentamente presentes na alma. Às vezes chorava quando assistia ao filme da vida que teimava em passar lentamente. Estava vivendo e degustando as horas e as noites que foram tão belas que até hoje ainda sente os cacos das emoções que não morreram, apenas se fazem presentes de forma glamourosa.

Enquanto estava perdida com esses pensamentos do passado, ouviu uma voz que se aproximava:

- Dona Paty, é melhor a Senhora ir para dentro de casa, o tempo está se aprontando, virá um grande temporal. O mar está agitado. A senhora não tem mais idade para se molhar, é preciso cuidar com o resfriado.

Era a vizinha, Lourdes, que nos últimos tempos vinha todos os dias cuidar de Paty, pois sofria de hipertensão e às vezes caia sozinha. Muitas vezes fora socorrida desmaiada perto dos rochedos.

- Fique tranquila minha amiga, hoje estou mais forte. Qualquer coisa, irei para dentro de casa. – tranquilizou Paty.

- O que a Senhora está fazendo ai, parada olhando para o mar? Até parece que está conversando com alguém.

- Estou me lembrando do passado, conversando com os fantasmas, somente isso.

- Que fantasmas? – perguntou Lurdes.

- Você não os conhece. Não adianta explicar. – respondeu Paty.

- Está bem, mas não demore. – acrescentou Lourdes.

Lourdes era uma boa pessoa, surgiu de repente na vida de Paty. Ela também teve uma existência parecida com a da sua amiga, mas nunca revelou nada a ninguém. Em alguns momentos, Lourdes se recolhia para conversar com o tempo, em outras ocasiões chorava de saudade ou tristeza.

Mesmo com a ponderação de Lourdes, Paty voltou para assistir ao filme sobre a sua vida.
O pensamento foi lá atrás novamente, no início de tudo. Quando adolescente, começou a ver o mundo diferente e surgiu a oportunidade de sair da cidade para viver coisas além do portão da sua casa. Seus pais foram radicalmente contra. Mesmo sendo pessoas simples, não queriam que a adorada filha fosse morar distante do local onde nasceu, pois a sua maior alegria foi quando ela veio ao mundo.
Nesse momento conheceu um homem mais velho, charmoso e aparentemente rico. Ainda permanecia vivo na memória o dia em que o encontrou pela primeira vez, aquele que seria o seu eterno amor. Ou, aquele que mostraria para ela o outro lado da vida, o lado da noite, do dinheiro fácil, do consumo de todas as bebidas e também da tristeza.

Estava saindo do colégio com as amigas, quando Coiote parou o lindo carro e a convidou para dar uma volta e depois a deixaria em casa.

- Você ai, menina dos olhos verdes, quer uma carona?

Ela não pensou duas vezes para aceitar o convite daquele homem, mesmo sendo uma pessoa estranha.

- Aceito sim, nunca andei de carro, hoje será a primeira vez. – respondeu Paty, alegremente, sem imaginar que estaria naquele momento entrando numa longa estrada de orgias e bebidas.

Depois de alguns momentos dentro do carro, parecia que já o conhecia, tamanha foi à simpatia que os uniu. Estava profundamente feliz.

Andou pela primeira vez num belo carro e ainda acompanhada de um homem bonito e cheiroso era algo sensacional para a ingênua flor. A magia tomou conta dela, e o encanto fez com que seus olhos brilhassem perdidamente.

Eles se apaixonaram perdidamente, tudo aconteceu num passe de mágica. Daquele dia em diante, Coiote passou a buscá-la no colégio todos os finais de tarde. Não demorou muito e o convite para passar uma noite inteira aconteceu.

Nunca tinha ficado com alguém de sua idade, e muito menos, com um homem mais velho. Dali em diante, se encontravam todos os finais de semana num motel de Chapecó. Beijos e abraços estavam se tornando frequentes. Não sabia o que era fazer amor, sentir prazer e dar prazer a um homem.

No início, mesmo num motel, Coiote teve paciência com ela. Não foi além de umas caricias. Com ele tudo era novidade, pois foi com esse homem que conheceu o que era prazer. A primeira vez que se sentiu mulher, sendo acariciada e penetrada por um homem, entendeu que tudo seria diferente a partir daquele dia. Estava atravessando a ponte da vida de uma mulher.

Paty era uma linda menina, corpo pequeno e olhos verdes. Tinha coxas grossas, bumbum avantajado, cabelo loiro, seios grandes e lábios carnudos. Seu rosto parecia o de um anjo, vindo das estrelas para ser amado na terra. Mas somente a um poderia dar o coração e o amor. A sua magia escultural enfeitiçava qualquer homem por onde passava. Filha de pais pobres, agricultores, e de origem italiana, não conhecia o que era viver no conforto. Por isso que o novo mundo para ela seria algo deslumbrante. Um mundo cheio de oportunidades estava se abrindo a essa bela menina de olhos verdes. Uma princesa coberta de beleza e de uma formosura que fazia com que as pessoas ficassem tontas pela sua realeza.

Já Coiote era um homem do mundo e boêmio por natureza. Tinha que dar uma guinada na vida, talvez em agradecimento por tê-la tirado do fundo do quintal da sua tenra existência. Entendeu perfeitamente o papel que ambos desempenhariam nos próximos passos que iriam dar.

Paty não iria tirar nada dele, viveriam juntos uma nova e brilhante paixão, sem medo da felicidade. Curtir intensamente os momentos, mesmo sabendo que não seriam eternos. Não queria nada em troca, queria apenas ser uma mulher diferente daquelas que ele teve ao longo de meio século de vida, tanto que nunca lhe prometera algo que não pudesse cumprir. Também imaginava que o dia em que a relação terminasse, os sentimentos iriam permanecer guardados a sete chaves, para serem reabertos em outro tempo, quem sabe em outra época.

Ele tinha 50 anos bem vividos, viúvo duas vezes, estava à procura de mais uma emoção que agradasse o seu coração. Percorreu várias paixões de uns cem números de mulheres, não iria facilmente se apaixonar por mais uma mulher. Como qualquer homem de sua idade, namorar uma menina tão nova era algo que deixava qualquer um feliz da vida. Mas essa, imaginava, mudaria a sua vida, daria novo norte no seu horizonte. Ela iria mostrar a essência da paixão e das aventuras amorosas.

Porque a idade nem sempre indicava maturidade emocional e sentimental. Todas as mulheres com quem teve relacionamento correram atrás dele. Paty, não. A química de seus corpos os atraia, pois a partir do momento em que a conheceu, o coração balançou e nunca mais bateu da mesma forma. Tinha consciência de que a presença dela na sua vida, não duraria muito, mas seria profundamente intenso e essencialmente embriagante.

Não perdeu tempo. Fez de tudo para ela e por ela viveu o resto dos dias, mesmo distante e sabendo que não estaria sempre nos seus braços. Viu que era uma mulher diferente. Seus olhos eram infinitos. Seus beijos davam uma gostosa tonturinha e uma leve brisa que caia nos seus rostos. Ela, com amor, discrição e elegância, raro em mulheres de sua idade, indicou-lhe a melhor forma e o jeito de se vestir. Falou que para um homem de 50 anos, algumas coisas precisavam ser valorizadas e cuidadas. Nenhuma mulher que se apaixonou por ele, ao longo da vida, conseguiu sensibilizar a sua trajetória. Mesmo sendo do interior, sem muita cultura, sem saber o que era a cidade grande, a ingênua flor iluminou sua vida, deu sentido a sua auto-estima que estava em baixa.

Há mulheres que nascem para fazer a diferença na existência de um homem. Para Coiote, Paty foi determinante para a sua trajetória. Depois que conheceu aquela menina, afirmava que a vida tinha alcançado o êxtase. Chegou a agradecer aos céus por tê-la encontrado e as condições que se apresentaram para ambos.

Os dois anos que passaram juntos foram eternos enquanto duraram, em todos os aspectos. Viajaram e conheceram diversos lugares. Cada passo que davam, sabiam que não voltariam àquele lugar. Para Coiote, pela idade, era uma despedida de sua caminhada. Mas, para Paty, era o início de uma deliciosa experiência amorosa. Nada mais mágico e inebriante do que viver alguns momentos com alguém que só faz bem ao ego. Esses instantes são como uma música tocada ao por do sol, adentrando nosso ser, deixando nossos corpos em total harmonia com o universo. Foi assim que Paty e Coiote experimentaram essa charmosa experiência.

Mas tudo na vida tem um tempo. Temos um tempo para plantar e um tempo para colher. Por mais que nosso coração não queira, precisamos fazer a fila andar. Por mais que sintamos saudades, têm coisas na vida que é preciso fazer acontecer. Assim, o silencioso distanciamento, sem despedida e choros, se instalou no coração dos tristes amantes. Cada um seguiu seu destino sem deixar endereço. O último telefonema aconteceu numa manhã de quarta-feira de cinzas. Ele estava viajando e aproveitou a distância para desejar felicidades à Paty.

Ela não entendeu nada, mas com o decorrer dos dias, ficou claro que aquele telefonema era a despedida. Chorou copiosamente por muito tempo. O coração apertou, sentiu-se desprotegida. Coiote lhe ensinou coisas que nunca mais iria esquecer. Os ensinamentos foram fundamentais para o crescimento e para os passos futuros. Mas a vida precisava andar. Mesmo machucada, como uma andorinha, continuou seguindo o destino. Descobriu a balada e seus componentes. Não seria difícil recomeçar.

Assim, Paty iniciou verdadeiramente sua vida de mulher de todos e, ao mesmo tempo, de ninguém. Nunca mais se deixou apaixonar por nenhum homem por mais bonito e rico que fosse. Dormiu com todos, mas não amou ninguém. Fingiu orgasmos para fisgar quem lhe desse algo em troca. Os verdadeiros orgasmos sempre foram com o seu amado Coiote e mais ninguém!

Coiote mostrou-lhe que a sociedade era hipócrita e não merecia respeito. Não casou porque não queria ter filhos. A Terra era um lugar de sofrimento e não iria trazer ao mundo uma pequena criatura para participar das orgias mundanas. Todos esses pensamentos povoavam a vida de Paty. Fez deles um guia e jamais se arrependeu por ter agido dessa forma.

Para cada noite com um homem era um valor. Cobrou até mesmo um beijo e fez orgias com inúmeros parceiros. Nunca se esqueceu de exigir que os homens usassem preservativos, assim estaria livre de doenças e filhos. Agiu friamente, mesmo recebendo lindas declarações de amor.

Um grande banqueiro jurou amor por ela, como não foi correspondido, se jogou do 15° andar do prédio onde morava. Queria ter Paty vivendo com ele o resto da vida, e como não conseguiu, preferiu casar com a morte a viver distante da mulher que enfeitiçou os seus dias. Também teve um comandante de avião comercial que largou tudo e foi atrás dela. Até recebeu certo tratamento, mas logo sentiu o abandono. Não suportando a saudade, virou andarilho e alcoólatra, viveu o resto dos dias chamando por ela.

Assim se tornou a ingênua flor: uma mulher magoada com o destino, triste com os céus e raivosa com a vida. Os homens que ousaram se apaixonar por ela tiveram um fim trágico.

Cada final de noite, sozinha numa cama qualquer, Paty, quieta, solitária, com o corpo suado e cansado de tanto sexo, chorava tristemente. Pensava: por onde estaria o amado Coiote? Nunca mais o viu. Suas lágrimas molhavam o travesseiro, mesmo assim esperava encontrá-lo um dia. Somente sabia da existência dele através dos livros que ele publicava.
Numa noite chuvosa e fria, após um programa, sentou na sala para assistir à televisão e para a sua alegria, viu o seu amor sendo entrevistado. A repórter, das varias perguntas que fazia, uma deixou Coiote com lágrimas nos olhos: se ele tinha amado alguma mulher de verdade. A resposta dele foi clara:

-“Eu já amei sim. Faz muito tempo. Existe uma mulher que ainda hoje mora dentro do meu coração, todos os dias me lembro dela. A sua sombra me acompanha por todos os recantos. Um dia irei reencontrá-la, nem que seja longe, muito longe, mas quero revê-la. É a minha doce menina Paty”. Depois dessa declaração através dos meios de comunicação, ela foi dormir e tentar procurá-lo nos sonhos.

Dois dias depois da entrevista, em alta velocidade, numa manhã de domingo, Coiote com seu carro preto e solitário, viajando de São Miguel do Oeste a Florianópolis, chocou-se violentamente contra um paredão de pedra na BR-282. O carro pegou fogo na hora e quando a Policia Rodoviária chegou, não restava mais nada, somente cinzas espalhadas pelo vento e uma mancha escura no asfalto.

Assim terminava a vida de um homem que nasceu para degustar as coisas boas. Ele sempre dizia que nunca iria morrer velho, que um dia iria ao encontro da morte de alguma forma. Tinha uma relação estranha com a morte, com o jeito de morrer. Coiote achava que era melhor morrer inesperadamente do que sofrer com uma doença grave no fundo de uma cama. Já tinha vivido meio século e aproveitado todos os prazeres que a vida lhe ofereceu. Nunca trabalhou, recebeu a riqueza dos pais. Também sempre foi uma pessoa generosa, ajudou a quem podia.

Na ocasião, os patrulheiros que atenderam o ocorrido não compreenderam o motivo do acidente. Era um dia calmo, sem chuva e ensolarado. A estrada estava boa e convidativa para viajar. Nenhuma marca de pneu ficou no asfalto. Como veio em alta velocidade chocou-se direto contra o paredão. Até parecia alguém sem destino à procura de uma morte sem dor.

O sol já estava se pondo e a noite estava batendo na porta do mundo. A tarde já tinha terminado sua missão de esquentar seus habitantes. Para o outono, aquele dia era um dos mais belos já produzidos pela natureza. Paty continuava sentada na varanda de sua casa assistindo ao filme de sua pregressa vida. Essa parte fazia com ela levitasse até a porta do céu, pois fazia com que lembrasse de Coiote, que a essas alturas já devia estar vivendo muito longe, quem sabe viajando entre as estrelas, ou em algum lugar onde o amor descansa. Não podia continuar vendo o passado daquela forma. Precisava olhar para frente e se preparar para a viagem que a levaria até junto do seu amado. Toda tarde era a mesma coisa: assistia ao filme no qual era a protagonista.

Ainda se recorda da frase que ele disse quando se encontraram pela primeira vez:
- ”Minha linda. Nós temos uma história a ser construída. Seremos amigos da noite, da boemia e vamos morrer com ela. A nossa afinidade vem de muito longe”.

Com os passar dos anos, entendeu o que ele queria dizer. Naquele momento, o seu coração começou a ficar fraco. A música que se aproximava ficou mais forte e a emoção começou a dilacerar seu peito. Viu um vulto que se aproximava com uma rosa amarela na mão. Começou a levitar e uma luz acariciou seu coração. As lágrimas escorreram no rosto. Era Coiote que estava chegando para levá-la. Cumpriu sua promessa, aliás, ele nunca faltou com a palavra. Sorrindo e com os braços abertos, acalentou Paty demoradamente e disse:

- Minha bela princesa de olhos verdes. Estou aqui para levá-la para viver comigo nas estrelas. Eu construí uma linda casa na Grande Estrela do Norte.

- Meu grande amor! Eu nunca me esqueci de você! Contei os dias para que esse momento chegasse. Agora estamos livres deste mundo triste. Somos como pássaros, vamos voar por todos os lugares.

Agora eles estavam juntos na outra margem do oceano. Souberam viver uma existência com sofrimentos, fracassos, paixão, luxúria e muito sexo, como dois errantes, mas seguiram seus destinos. Cada um cumpriu o seu papel. A idade não os separou, apenas fez com que cada um vivesse seu tempo, sem esquecer quem era o verdadeiro amor.

O temporal não veio e tudo se acalmou. O filme da vida da ingênua flor se acabou e a noite já se fazia presente na vila em frente ao mar. Lourdes, preocupada com Paty, foi até a sua casa e, chegando lá percebeu que ela permanecia sentada na varanda da casa. Os olhos estavam ainda abertos, voltados para o infinito e muito feliz. Chegou bem perto e tocou-lhe no braço. Para a sua surpresa, a pele estava gelada e parecia que a morte se fazia presente. Agarrou carinhosamente a grande amiga nos braços, e chorou silenciosamente. Sem falar nada para ninguém organizou o enterro.

Enterrou Paty próximo de uma grande pedra, na margem esquerda da praia e foi embora daquela vila. Voltou à cidade para avisar aos parentes da ingênua flor que havia cumprido a sua missão cuidando dela nos últimos dias de vida.

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