quinta-feira, 9 de agosto de 2018
AZEDA DESCRENÇA
Nas batidas do coração/Nos rincões da terra/Ainda se ouve o grito/O grito da despedida/Despedida de um amor/Amor que veio rápido/Ligeiro/Demorou apenas uma lua/Quando a lua minguante despontou/O amor desapareceu/De tanto dizer não/Ao novo amor/Achou melhor arrumar um argumento/Argumento infantil/Infantil são os amores fortuitos/Realizados na calada da noite/Mulher amarga/Amarga vida/Vida repleta de tristeza/De amores que fizeram dela/Uma mulher desacreditada que ainda pode ser feliz/Na incerta estrada da felicidade/A morena bateu pé/Pé na escuridão da obscuridade/Voltou a viver na sombra/Na azeda descrença/Que fez dos amores fracassados/Uma bandeira para nunca mais entregar o corpo/A qualquer forasteiro/Mas no peito/Ainda guarda um sonho/Um tesouro/Um rio/Uma praia/De ser amada/Ser desejada/Por aquele que derrubar as barreiras impostas pela vida/Guarda no silencio da garganta/No silencio dos lábios/No silencio dos olhos negros/No silencio das mãos macias/O grito de uma bela mulher/De uma perfumada flor/Que quer mostrar/Não obstante/A vida amarga que levou/Das surras de homens cruéis/Das punhaladas da vida/Quer adormecer/Acordar ao lado de um amor/De um homem que veja ela/Como um ser frágil/Amoroso/Meigo/Doce/E não como alguém para ser usado e jogado fora/Quando a noite chega/Cansada de tanto trabalhar/Os olhos negros ficam molhados/O peito aperta/Chora sozinha/Senta numa cadeira/Tenta buscar no fundo da alma/Uma gota de esperança/Joga para os céus a responsabilidade/Joga para os céus o futuro/Sem saber que alguém/Já passou por ela/E ela não deu crédito/Se agarrou nos galhos frágis do conservadorismo/De uma sociedade hipócrita e desumana.
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