domingo, 20 de março de 2011

O Teto do Quarto

O meu coração canta por mim
O dia clareia a visão
Os meus olhos não querem enxergar
O fim que se aproxima
O teto do quarto
Está repleto de mosquitos
Que teimam em fazer companhia
Cantando uma linda música
Para alegrar o ambiente

Ao lado da cama
Um disco toca uma música
Que ouço em todo momento
Momento que para mim é longo
Longo como foi o caminho
Para me aproximar de você
Você que não sabe amar
Amar uma existência
Que não pediu para fazer parte
Parte cruel
Como cruel é ficar sem absinto

O teto do quarto
É o limite dos meus sonhos
É a fronteira do real
É a separação do céu e do inferno
Depois do teto
É o irreal
Local onde mora o pesadelo
Mora a morte
Morte da liberdade
Agonia da democracia
Avanço da tirania

No meu bidê
Do lado da cama
Tem de tudo
Um copo de vodka está seco
À espera de mais uma dose
Tem ainda um livro de memórias
Memórias da boemia
Onde conto tudo
Até mesmo a tua infeliz história






Dentro do bidê
Há duas garrafas de absinto
Que acabei de comprar
Quero beber tudo
Sem deixar nada para depois
É o fim de tudo
Quero fazer do quarto
Um mundo infinito
Onde a minha imaginação
Viaje sem limitação
Num turbilhão de loucuras

Quando acordar
Voltarei ao meu mundo
Criado por mim
Inventado pela noite
Assim é a minha imaginação
De um poeta
Que nunca teve medo
De ser infeliz
Que faz da infelicidade
Uma avenida
Uma longa estrada sem fim

Não peço ajuda
Porque sou um poeta
Prefiro morrer dentro desse quarto
Escrevendo sobre os infortúnios
A fazer parte de um falso mundo
Onde as pessoas vivem por viver
Para mostrar uma falsa imagem
Prefiro ouvir eternamente
O som de uma bela melodia
Do que fazer parte dessa hipocrisia

O teto do meu quarto
É um imenso campo de flores
Que meus olhos viajam
Sinto o perfume dessas flores
Cada uma mais bela que a outra
É um jardim criado por mim
Flores que acalentam o meu coração
Rosas vermelhas e amarelas
Todas abençoam as minhas poesias
Não é nenhum desalento falar de flores
É um alento
Para a vida de um poeta
Assim como para a vida de um vivente
De um mundo descrente



O momento está chegando
Vou abrir uma garrafa de absinto
Sinto que vou escrever um conto
Contando uma triste história
História de uma mulher infeliz
Que nunca amou
Que é rica
Tem de tudo
Só não tem amor

Não é amada
Quer morrer grudada numa
Garrafa de absinto
Vive no mundo
Pensando num outro mundo
Que não existe
E se existe
É em sua cabeça

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