segunda-feira, 8 de maio de 2017

AMANTE DA RUA JOÃO PINTO

A Rua João Pinto estava misteriosa e não tinha ninguém. O frio era intenso e a noite estava silenciosa. Já passava da meia-noite. Era inverno de 1969 e as rádios noticiavam que o homem tinha pisado na lua. Não tinha acreditado. Estávamos vivendo uma época de escuridão política. Muitos companheiros de luta tinham desaparecido nas masmorras do regime militar. Tudo era proibido, inclusive pensar em novas estradas. Para um escritor, era um momento perigoso. A angústia invadia o meu coração. Caminhava sozinho à procura de uma mulher. No céu, as estrelas brilhavam, fazendo companhia para a lua cheia. Um leve vento soprava os papéis da rua. Procurava um bar aberto para beber alguma coisa e não tinha encontrado. Encostei-me na parede de um casario e fiquei observando o silêncio que tomava conta da noite. Tinha saído de casa perto da meia-noite, estava sem sono e queria ter um momento de prazer ao lado de uma linda mulher. Estranho, alguma força guiava-me para um lugar que não sabia para onde. Eram três horas da madrugada, quando ouvi passos vindo em minha direção. Olhei para o lado e vi uma bonita mulher, trajando um vestido vermelho, colado ao corpo. Ela tinha um belo par de coxas e lábios carnudos, que deixavam qualquer homem em ponto de bala. Morena, olhos castanhos, rosto de anjo, sorrindo, perguntou: - O que faz um belo homem sozinho numa rua escura e fria a essas horas da madrugada? - Caminho à procura de alguém para conversar. – Respondi. - Só quer conversar? – Questionou a sensual morena, deixando a porta aberta para outras interpretações. - Acho que uma conversa é o início de algo promissor. – Revelei. - Concordo. Eu meu chamo Lídia. Também procuro alguma coisa que preencha o meu momento de uma mulher que adora ter instantes mágicos. Como você se chama? – Perguntou, com ar de total entrega. - Pedro. À sua disposição, para tudo que desejar. – Respondi, com sorriso de alguém que não quer esperar muito para avançar o sinal. - Bonito nome! – Revelou Lídia, demonstrando que tinha entendido a minha malícia. Olhamos nos olhos. Sem rodeios a trouxe para os meus braços. Longo beijo na boca aconteceu. Encostei a linda mulher com o rosto voltado para a parede do casario, deixando o bumbum dela à minha disposição. Ela levantou o vestido, baixando a calcinha. Baixei a calça e fizemos amor ali mesmo, de pé. Enquanto a noite reinava, a rua João Pinto ouvia os nossos gemidos. A lua sorria ao ver os amantes em loucas trocas de carícias. Logo adiante um cachorrinho de rua, nos observava abanando o rabo, demonstrando que estava entendendo o nosso momento. Ficamos longo tempo fazendo amor, sem nenhuma preocupação com o horário. Lídia era uma mulher completa. Fizemos sexo oral e anal sem nenhum preconceito. Ela sabia satisfazer um homem. Ao terminarmos, ela levantou a calcinha, baixou o vestido, olhou-me mim e disse: - Pedro, você é um grande amante. Selvagem na forma de fazer amor. Esgota qualquer mulher. Tem uma grande ferramenta que nunca senti na minha vida de mulher. Mesmo quando vivia na Terra, jamais experimentei alguém tão forte e grande como você. Eu fiquei parado e estremecido com a revelação dela. Lídia deu mais um longo olhar para mim e saiu caminhando vagarosamente em direção à Praça XV. Ao dobrar a esquina, ela olhou pela última vez. Abanei para ela e fiquei ali parado por um bom tempo. Já era quase cinco da manhã, quando um senhor de meia idade aproximou-se de mim e disse: - Você viu uma mulher usando um vestido vermelho, caminhando por aí? - Vi. – Respondi, intrigado. - Ela é minha mulher. – Respondeu, com ar malicioso. - Sua mulher? – Perguntei. - Sim é a minha mulher. Estamos casados há cinqüenta anos. Ela tem por costume sair aos domingos de madrugada. Gosta de caminhar pela Rua João Pinto. – Respondeu com naturalidade. - Mas ela disse que é do outro lado da... Nem terminei de falar e o misterioso homem revelou: - Somos seres do além. Fomos assassinados no início do século nesta rua e até hoje não descobriram o assassino. Você fez amor com ela. Eu estava junto quando você a encostou na parede e fez o que eu sempre gostava de fazer. Nos domingos costumávamos vir a esta rua, para fazer amor. Foi numa dessas saídas noturnas que fomos assassinados, estávamos fazendo amor exatamente no local que você fez com ela. Ela gostou de você. Venha aos domingos aqui. Eu não posso dar a ela o que ela mais quer. – Revelou. Virei amante de uma mulher do outro do mundo. E assim, todos os domingos me arrumo, e vou ao encontro de Lídia.

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