DE PORTÃO A PORTÃO

Sou como um cigano/ Não permaneço/ Por muito tempo/ No mesmo lugar.../ Talvez seja um pássaro/ Que voa nas alturas/ Observando as paisagens/ Não tenho compromisso/ Com nenhuma ideologia/ Filosofia ou religião/ Não bato ponto/ Em nenhum lugar/ Agora.../ Quando ouço um violão chorando/ Uma gaita sanfonando/ Ali permaneço/ Por um bom tempo.../ Matando a saudade/ Posso até ficar/ Um verão inteiro/ No portão.../ Depois.../ Sigo os passos/ Do meu destino/ Muitas vezes/ Não sou compreendido/ Querem a minha permanência/ Para entrar porta adentro/ Coisa que isso/ Nunca vai acontecer/ Não tenho culpa/ De ser assim/ Está na minha essência/ Em andar e andar.../ Perambulando de portão a portão/ A escrita é a minha companheira/ É o remédio das minhas dores/ Afaga a minha alma/ Fortalece a caminhada/ Tudo o que escrevo/ Vem diretamente do/ Meu coração.../ Não tenho intermediário/ Escrevo o meu diário/ Sem destinatário.../ Não tenho a preocupação/ De falar verdades/ Ou mentiras/ Ou de fantasiar/ Talvez seja uma/ Doce mistura/ Apenas são impressões/ De uma vida/ Convertida à poesia.../ Quando a minha alma pede/ Sento na frente da maquininha/ Chamada de computador/ Despejo um monte de palavras.../ Sou escravo do poema/ Amante da poesia/ Aprendiz de contista/ Sem nenhum compromisso/ Com alguma escola literária/ Apenas brinco com as letras/ Libertando os demônios/ Que existem dentro de mim.../ Sou prisioneiro da emoção/ Descrevendo as dores da paixão/ De um casal apaixonado.../ Jamais serei um militante/ Milito apenas/ Nas lágrimas da música.../ Os poetas têm alma de pássaros/ Não ficam em algum ninho/ Fazem do ninho/ Simples dormitórios/ Ao amanhecer/ Pegam carona/ Com os raios do sol.../ Assim vou vivendo/ Não tenho medo/ Da solidão/ Se algum dia/ Sentir saudade de alguém/ Ou de alguma coisa/ Escrevo sobre/ As impressões do/ Que estou sentindo/ Sem me preocupar/ Com o destinatário.../