segunda-feira, 30 de maio de 2016

HUMILDE RETORNO

O dia não tinha/ Ainda amanhecido/ As estrelas estavam com preguiça/ De adormecer/ Para dar lugar ao Sol/ Que por sua vez/ Vinha informando/ Que o dia seria muito bonito/ Com imensa claridade/ Na terra de chão batido/ As galinhas com sua cantoria/ Anunciavam que estava na hora/ De receber mais um/ Quinhão de ração.../ Tudo no sertão/ Tinha aquele jeitão/ De começar/ Tudo bem cedinho.../ Minha vida/ Simples e humilde/ Não conhecia/ Nada além da porteira/ Da minha terra/ Que não era muita coisa.../ Depois de tratar os meus/ Irmãozinhos que nós chamamos/ De animais.../ Peguei a minha viola/ Sentei num banquinho/ Na varanda da minha casinha/ De madeira de cedro/ Construída há mais de cinquenta anos/ Recebendo os raios do sol/ No rosto cansado de uma vida rude/ Comecei a chacoalhar as cordas/ Do meu violão/ Enquanto a moda saía/ Lá de cima/ Da montanha/ Vi dois vultos/ Aproximando-se/ Quanto mais a viola gritava/ Mais fui percebendo/ Que os vultos que vinham/ Eram os meus pais/ Que por muito tempo/ Daqui foram embora/ Quando ainda eu era um menino/ Com passos cansados/ Vinham/ Para pedir perdão/ Dos erros do passado/ No meu pensamento/ Eles nunca erraram/ Porque acreditaram no/ Sonho da cidade grande/ Na época fiquei quieto/ Deixei que eles fossem/ Se aventurar nesse mundão afora/ Fiquei na terra/ Cuidando.../ Com fé no criador/ Tudo cresceu/ Multiplicou/ Os filhos vieram/ Também foram embora/ A minha companheira/ Foi na conversa de um violeiro.../ Hoje.../ Aos poucos estão voltando/ Para meu aconchego/ Pois conheço a vida/ Enquanto eles foram/ Para as aventuras da vida/ Eu cuidei da minha amada terra/ Que nunca me negou/ Os frutos que me sustentam.../

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