quarta-feira, 14 de setembro de 2016
MONÓLOGO DE UMA DESPEDIDA
Não posso olhar para trás/
Se eu olhar.../
Não vou conseguir andar.../
A metade de mim/
Vai ficar grudada/
Em cada metro quadrado/
Das estradas por onde andei.../
A despedida é tão triste/
Que corta a alma/
Arranca um pedaço do coração/
Mesmo não olhando para trás.../
Chegou a hora de partir/
Já fiquei muito tempo/
Vou pegar a estrada/
A estrada será a minha casa/
Casa de uma ave de arribação.../
A única coisa que levarei/
Será a saudade.../
Como ave/
Vou voar/
De noite/
De dia.../
Com chuva/
Com sol.../
Não ficarei por muito tempo/
Num galho.../
Voarei... Voarei.../
Para um lugar muito distante.../
É difícil dizer adeus.../
Nunca gostei de despedida.../
Ninguém me ensinou/
A virar as costas/
Sem deixar um pedaço/
De mim/
No coração de algumas pessoas.../
Como ave/
Jamais vou permanecer/
O tempo que permaneci/
Nesse lugar.../
Quero apenas degustar/
A realidade.../
Depois seguir adiante.../
Assim não criarei raízes/
Nas alturas do infinito.../
Quero ouvir a música do céu.../
A serenata das nuvens brancas/
Pairando sobre os/
Campos verdejantes.../
Observar a dança das estrelas/
Ver os primeiros raios do sol/
Cruzando a Terra.../
Ficar perto dos anjos/
Conversar com alguns amigos/
Que partiram há muito tempo/
Sem se despedirem de mim.../
Longe... Muito longe.../
É o local onde pretendo ficar.../
Vou-me embora/
Porque quero ir/
Sem motivo aparente/
De lá.../
Jamais voltarei.../
Quando sentir saudade/
Vou sentar numa pedra/
Próxima a algum rio/
Ouvindo o som das águas/
Assim a minha saudade/
Viajará com a correnteza.../
As aves de arribação/
São solitárias.../
Vivem como pedras de rios.../
Rolam rio abaixo.../
Chegam a ficar lisas/
De tanto serem jogadas/
De um lado para outro.../
É o meu monólogo/
Da minha despedida/
Despedida de um tempo/
Que demorou a passar.../
Não será a minha morte/
Que não existe.../
Será a travessia/
Ou a chegada de uma viagem/
Tudo tem um tempo/
E o tempo da ave de arribação chegou.../
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